Sobre este espaço

"Existem maneiras de pensar, agir e viver que possam ser mais satisfatórias, emocionantes, e principalmente dignas, do que as formas como pensamos, agimos e vivemos atualmente?"


Um de nossos tantos desejos... Se algum material que colocamos aqui, de alguma forma, estimular você a pensar ou sentir algo, pedimos de coração para que você use estas ideias. Copie, mude, concorde, discorde. A intenção deste blog é incentivar o questionamento e a intervenção das pessoas na sociedade. Pegue os textos, tire xerox, CONVERSE mais, faça por você, faça por todos nós, faça por ninguém. E se quiser, entre em contato(conosco, c/ qualquer um, com o meio, c/ a natureza...) Coletiva e humilde-mente - vive em paz, revolte-se!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Não aguento mais ser violento/ violentado!!!


Se a violência e a criminalidade são tão detestáveis, assim como a moralidade tenta nos passar, porque a cada dia mais e mais jovens aceitam se sujar de sangue por elas? Essa é uma pergunta complexa e estou longe de ter a competência necessária para respondê-la, mas são elementos tão inquietantes de meu tempo que não consigo seguir sem ao menos refletir um pouco.

A violência já é um problema generalizado de nossa sociedade e cultura. Não mais se apresenta apenas como uma anomalia incontrolável dentro da “ordem” social, hoje ela já foi assimilada pela sociedade como parte integrante dela. A violência é hoje um dos pilares de sustentação do entretenimento. A televisão nos bombardeia violência em tempo integral. Muito mais lutas são televisionadas hoje, além do fato desse ramo do entretenimento ser um dos mais lucrativos e promissores. Não só a violência explícita é usada para entreter, mas também a violência subjetiva. As corridas automobilísticas são um bom exemplo dessa violência subliminar usada para entreter. Nas corridas de automóveis, não se compete apenas com os outros corredores, mas também contra a possibilidade da morte, e isso é , ao meu ver, violência. Afinal, o clímax da corrida são os acidentes e/ou, na melhor das hipóteses, os momentos de risco de acidente iminente.

Nem mesmo as crianças estão a salvo do mercado da violência televisionada. Os desenhos animados, que sempre trabalharam com a banalização da violência e da dor, hoje estão mais violentos e realistas do que nunca. Os antigos desenhos animados usavam da violência como a base de seu “humor”. O humor usado por eles se baseava simplesmente em: a eterna luta entre os seres antagônicos; o gato contra o rato, o cão contra o gato; etc. As “piadas” eram unicamente golpes e ataques físicos um ao outro. Os personagens eram animais caricatos que não sofriam danos realistas aos golpes sofridos, isso amenizava a idéia de violência, mas, subliminarmente, acabavam por banalizá-la, fazendo se perder na confusão qualquer parâmetro para se julgar conseqüências dessa luta violenta – e tão divertida. Atualmente, esses personagens animalescos estão perdendo espaço para os personagens que retratam o homem. As animações japonesas, extremamente violentas e intensas, tentam aproximar sua estética à realidade. Seus personagens são heróis com poderes sobre-humanos que lutam pelo bem (na maior parte dos casos). Essa mudança aproximou o homem da violência subliminar dos desenhos animados. Agora, a criança não vê mais animais violentando seus diferentes (o que por si só já era perturbador), agora ela vê a si mesma, como defensora do bem, violentando seus iguais que representam o mal. Além disso, a violência começa a se aproximar do real, mas ao invés de causar a repulsa, causa o fetiche pela violência.

E essa realidade não se resume à criança, apenas começa com ela. Os jogos eletrônicos, vídeo-games, esportes de violência, esportes de grande competitividade ou de intenso contato físico, propagandas, filmes, pornografia, e muitas outras manifestações e práticas cotidianas em nossa cultura banalizam a violência e transformam-na num entretenimento facilmente consumível e digerível.

Nem é preciso pensar muito para perceber o quanto a violência faz parte de nossa cultura. Ela já alcançou seu lugar entre nós e não consigo enxergar nossas vidas, nos mesmos modelos atuais, sem um pouco da pretensamente inofensiva e onipresente violência, nos espreitando e nos atraindo. Já se tornou corriqueiro sentir o desejo pela violência. Tentamos nos divertir vendo vídeos na internet, e sempre acabamos dando gargalhadas de pessoas que se machucam ou que são machucadas – e isso é tão legal.
Mas não quero aqui fazer uma ode à violência. Pelo contrário, sabemos muito bem do que ela é capaz. Todos nós sabemos quando estamos agindo sob efeito dessa droga e, geralmente, podemos até mesmo apontar que tipo de “inofensiva” violência consumida nos motivou a agir violentamente. E ai está o perigo: sabemos disso tudo, mas... Mas sempre haverá algum argumento auto-legitimador para nos absolver. Sempre! Sempre?

Me pergunte se eu acredito que jogos eletrônicos violentos influenciaram pessoas como Eric Harris/ Dylan Klebold e Wellington a cometerem as atrocidades que cometeram, e minha resposta será sim. Mas não porque os jogos são violentos, mas sim porque os jogos são produto de uma cultura da violência Os jogos eletrônicos são só mais um produto de nosso culto a violência, assim como os esportes violentos, os desenhos violentos, os filmes violentos, as piadas, os costumes, entre outra essustadoramente grande parcela de nossa produção cultural. Um jogo por si não pode levar alguém, em condições de saúde psicológica razoáveis, a matar crianças dentro de uma sala de aula, mas todo o suporte para isso, a sociedade, a moral, o modo de vida, a cultura em sua totalidade, pode sim fazer isso, e pode também ser a influenciadora de tragédias muito piores, com conseqüências catastróficas. Todos os games violentos podem ser proibidos (o que seria uma atitude impensável) que ainda assim, continuará em atividade toda a estrutura da cultura da violência. Os games, e também as outras produções violentas com as quais convivemos e consumimos, não são a causa do problema, mas sim o efeito. Agir sobre o efeito é, no máximo, uma medida desesperada e ineficaz de amenizar as conseqüências mais urgentes. Já a causa sim, nela é que devem se concentrar os esforços, e a causa somos nós.

Mas, continuemos a consumir a violência. Em doses controladas. Mas que tenhamos em mente: a influência da violência do mundo lá fora em nosso modo de vida, isso não é algo que saibamos hoje controlar. Ainda estamos sujeito a violência que recebemos e que emanamos.

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Ass: Magro

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Nos carros, nós carros



Sinto que nos comportamos como carros, como se estivéssemos (não) interagindo em uma auto-estrada lotada de automóveis com vidro fumê, indo e vindo sem parar. Sim, nas relações entre pessoas. Nas conversas muitas vezes. Cada um de nós (pessoa-carro) está seguindo seu caminho, seu trajeto, sua vida e, nas vias, passamos uns pelos outros. Em uma via com fluxo constante de pessoas/máquinas, o que há entre estas pessoas/máquinas? Dois carros se cruzam, naquele tempo/espaço... qual a interação? Qual sentido?
Existem problemas que não consiguimos ver por estarmos em função das coisas que estamos acostumados a fazer...
Do ônibus olho pela janela sorrisos, parece que não penso... que não sinto nada... só um vazio... gostaria de poder ver a minha cara de tédio olhando os outdoors, as pessoas, as vidas que passam... sempre passam... por mim...

Matheus