Sobre este espaço

"Existem maneiras de pensar, agir e viver que possam ser mais satisfatórias, emocionantes, e principalmente dignas, do que as formas como pensamos, agimos e vivemos atualmente?"


Um de nossos tantos desejos... Se algum material que colocamos aqui, de alguma forma, estimular você a pensar ou sentir algo, pedimos de coração para que você use estas ideias. Copie, mude, concorde, discorde. A intenção deste blog é incentivar o questionamento e a intervenção das pessoas na sociedade. Pegue os textos, tire xerox, CONVERSE mais, faça por você, faça por todos nós, faça por ninguém. E se quiser, entre em contato(conosco, c/ qualquer um, com o meio, c/ a natureza...) Coletiva e humilde-mente - vive em paz, revolte-se!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

educAÇÃO

Não quero falar em Educação. Essa palavra é hoje em dia tão banalizada pelos políticos e “salvadores da pátria” de plantão, que não me sinto confortável em usá-la. Talvez seja mais adequado falar de: ‘produção coletiva de conhecimento’(mesmo que esse termo fuja da idéia central de educação). Na verdade, não sei por que o termo Educação não é, de uma vez por todas, substituído por este outro. Não só terminologicamente, mas também na prática.
Michel Foucault (o mesmo que dizia: “as micro-relações de poder estão à nossa volta; em nós; em todo lugar”) dizia sobre a educação: “Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo.” Em outras palavras, educar é modelar, encaixar, formatar, controlar. Uma educação que parta desses princípios não pode, de forma alguma, ser eficaz em seu objetivo de capacitar uma pessoa a viver de forma mais “racional”. Como passar valores de liberdade, autonomia, independência se firmando em princípios essencialmente contrários?

Não é nenhum apontamento revolucionário dizer que a forma que a educação se dá nas escolas (e por que não dizer também, em qualquer instituição educacional tradicional vinculada ao Estado ou qualquer outra que use dos métodos deste) é ineficaz em seu objetivo que, creio eu, é o de capacitar o indivíduo a crescer intelectualmente de forma a alcançar seus próprios rumos de forma mais autônoma e independente.
Ter que sair todo dia de casa num mesmo horário, entrar num ambiente fisicamente alheio ao ambiente familiar ao que estamos acostumados, sentar em fileiras ordenadas em silêncio, receber as informações que um detentor do conhecimento lhe oferece, e depois voltar para casa tentando se convencer que conseguiu absorver e acumular algo útil à sua vida é algo que, para mim, assemelha-se à rotina de um trabalhador industrial. As escolas pouco mais fazem do que injetar de seringa na cabeça do aluno um conhecimento que ELA julga ser importante. Não vejo exemplo mais claro da sutil relação de poder que nos é imposta diariamente sem que percebamos. Com o tempo, nos acostumamos a ser consumidores passivos de conhecimento. Com o tempo, nos acostumamos a receber e acatar ordens. Com o tempo, assimilamos que existe uma hierarquia intelectual. Com o tempo, e com a escola, vamos nos adaptando a toda essa opressão e imposição de valores que em nada nos são úteis. A educação, como conheço (e como conhecemos), não forma pessoas, nem cidadãos, nem indivíduos. Forma mão-de-obra especializada, sofredores conformados e consumidores passivos.

Para a educação, pessoas normais juntas conversando sobre qualquer assunto, ouvindo e respeitando as opiniões, expondo e expressando idéias, rindo e deixando fluir a natureza do desenvolvimento intelectual do homem, NÃO é educação. Mas para mim é, e creio que muitos concordam que muito mais influente em nossa personalidade são nossas conversas cotidianas sobre assuntos aleatórios, que perpassam por nossas influências individuais. Para mim, essa é a verdadeira educação, e para isso, não precisamos de prédios caros e bonitos, cadeiras novas, livros didáticos, professores autoritários e uma carga de produção intelectual sem sentido.
Só precisamos deixar de estar ausentes na presença uns dos outros.

Ass: MagrO

2 comentários:

  1. Magro,
    concordo com tudo que você escreveu. Tudinho! Acredito que no futuro a passagem de conhecimento se dará através da resolução dos problemas cotidianos. Explico: desenvolvendo a habilidade de fazer um bolo ou pão, o ser humano desenvolverá a habilidade de conhecer as frações (1/2 xícara de óleo, ¼ de xícara de açúcar, etc). Talvez o tempo que ele passe enfileirado numa carteira escolar, como boi no brete do abatedouro, seja duas ou três horas por semana no máximo. E isso não trará nenhum trauma, pois o conteúdo teórico terá sua aplicabilidade na vida prática. O ser humano se auto alfabetizará. E digo mais, isso já está acontecendo. Minha filha de 6 anos já sabe ler e escrever algumas palavras, sem que ninguém tenha sentado com ela para alfabetizá-la.
    Será um mundo muito diferente de todas as épocas passadas. Um mundo que nunca vimos antes, nem mesmo nos sonhos de Hollywood. Será um mundo de desenvolvimento pleno. Onde o ser humano desenvolverá moradias práticas, funcionais e sustentáveis, e não apenas belas caixas de depósito de corpos, mas que realmente cumpram com a sua função de proteger-nos das intempéries e ser o local propício ao desenvolvimento de habilidades e planejamento da vida.
    Mas o desenvolvimento principal será do SER. Todos se preocuparão em primeiro lugar em ser, antes de qualquer coisa. A “fixa cairá” e todos perceberão que não adianta ter antes de ser. Assim: temos uma boa casa porque fomos felizes o suficiente para planejá-la e executá-la numa convivência pacífica com os vizinhos.
    Enfim, será um mundo muito mais amistoso e sábio, onde todos colaborarão na Grande Obra.
    Agora uma pergunta: como podemos acelerar o advento desse novo mundo? O que podemos fazer agora para que essa mudança aconteça já?
    PP
    José Martinatto – mtjham@yahoo.com.br
    84378433

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  2. Olá JHAM

    Muito inspiradora essa sua intervenção. Penso que já estamos ultrapassando a barreira do: "não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não queremos". Creio que as pessoas, assim como você, já sabem o que querem e, independente do alcance de suas lutas - como no exemplo de sua filha que já está crescendo com uma centelha de uma nova concepção de 'vida' - já estão aos poucos batalhando por suas "utopias".

    A sua pergunta é fundamental, mas creio que você mesmo sabe que não existe uma verdade/resposta única para ela. Creio que devemos seguir nossos instintos e construir uma nova vida pelo método da tentativa e erro. Tentar com força e esperança, e ter a humildade de amitir quando errarmos. Claro, a reflexão sobre essa pergunta é a base para a busca dos métodos para uma nova vida.

    Agir em micro-ações, pode causar macro-transformações.

    Obrigado por comentar!

    Ass: MagrO

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