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"Existem maneiras de pensar, agir e viver que possam ser mais satisfatórias, emocionantes, e principalmente dignas, do que as formas como pensamos, agimos e vivemos atualmente?"


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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

ATINJA ONDE DÓI por Ted Kackzynski



O propósito deste artigo

O propósito deste artigo é apontar um princípio muito simples do conflito humano, um princípio que os oponentes do sistema tecno-industrial parecem estar negligenciando. O princípio é o de que em qualquer forma de conflito, se você quer vencer, você deve atingir seu adversário aonde dói.

Eu tenho que explicar que quando eu falo sobre "atingir aonde dói" eu não estou necessariamente me referindo a golpes físicos ou a qualquer outra forma de violência física. Por exemplo, em um debate oral, "atingir aonde dói" significaria fazer argumentos do qual a posição do seu oponente é a mais vulnerável. Em uma eleição presidencial, "atingir aonde dói" significaria ganhar do seu oponente os estados que tiverem o maior número de votos. Mesmo assim, ao discutir este princípio eu irei utilizar a analogia de um combate físico, porque é vívido e claro.

Se uma pessoa te dá um murro, você não pode se defender atingindo de volta no punho dela, porque você não conseguirá ferir a pessoa dessa forma. Para você vencer a luta, você deve atingir a pessoa aonde dói. Isso significa que você deve passar por trás do punho e atingir as partes sensíveis e vulneráveis do corpo da pessoa.

Suponha que uma escavadeira pertencente a uma madeireira esteja destruindo a mata perto de sua casa e você quer parar com isso. É a lâmina da escavadeira que rasga a terra e derruba as árvores, mas seria uma perda de tempo pegar uma marreta e atingir a lâmina. Se você gastar um longo e duro dia marretando a lâmina, você pode até conseguir danificar a lâmina o suficiente para que ela fique inutilizável. Mas, em comparação com o resto da escavadeira, a lâmina é relativamente barata e fácil de substituir. A lâmina é apenas o "punho" em que a escavadeira atinge a terra. Para derrotar a máquina você deve passar por trás do "punho" e atacar as partes vitais da escavadeira. O motor, por exemplo, pode ser arruinado com muito pouco tempo e esforço por meios bem conhecidos por muitos radicais.

Neste ponto eu devo deixar claro que eu não estou recomendando que alguém deva danificar uma escavadeira (ao menos que seja propriedade sua). Nem qualquer outra coisa neste artigo deve ser interpretada como recomendando atividade ilegal de qualquer tipo. Eu sou um prisioneiro, e se eu fosse encorajar atividade ilegal esse artigo nem sairia da prisão. Eu uso a analogia da escavadeira somente porque é claro e vívido e será apreciado por radicais.

A tecnologia é o alvo

É amplamente reconhecido que "a variável básica que determina o processo histórico contemporâneo é o resultado do desenvolvimento tecnológico" (Celso Furtado). A tecnologia, acima de tudo, é responsável pela atual condição do mundo e irá controlar o seu desenvolvimento futuro. Portanto, a escavadeira que nós temos que destruir é a tecnologia moderna em si. Muitos radicais estão conscientes disso, e sabem então que suas tarefas são eliminar todo o sistema tecno-industrial. Mas infelizmente eles têm prestado pouca atenção para a necessidade de atingir o sistema aonde dói.

Destruir o McDonald's ou o Starbuck's é inútil. Não que eu me importe com o McDonald's ou o Starbuck's. Eu não me importo se alguém os destrói ou não. Mas isso não é uma atividade revolucionária. Mesmo se cada rede de fast-food no mundo fosse arrasada o sistema tecno-industrial sofreria danos mínimos como resultado, já que ele consegue sobreviver facilmente sem redes de fast-food. Quando você ataca o McDonald's ou o Starbuck's, você não está atingindo aonde dói.

Alguns meses atrás eu recebi uma carta de um jovem na Dinamarca que acreditava que o sistema tecno-industrial tinha que ser eliminado porque, em suas palavras, "O que acontecerá se continuarmos dessa forma?" Entretanto, aparentemente sua forma de atividade "revolucionária" era atacar fazendas de peles. Como um meio de enfraquecer o sistema tecno-industrial essa atividade é totalmente inútil. Mesmo se os libertadores de animais tivessem êxito em eliminar completamente a indústria de peles eles não causariam qualquer dano ao sistema, porque o sistema consegue se manter perfeitamente sem peles.
Eu concordo que manter animais selvagens em gaiolas é intolerável, e pôr um fim a tais práticas é uma causa nobre. Mas existem muitas outras causas nobres, como prevenir acidentes de trânsito, prover abrigo para os moradores de rua, reciclagem, ou ajudar pessoas velhas atravessar a rua. Mesmo assim ninguém é tolo o bastante para confundir essas atividades com atividades revolucionárias, ou imaginar que elas fazem algo para enfraquecer o sistema.

A indústria madeireira é um caso à parte

Como outro exemplo, ninguém em sã consciência acredita que qualquer coisa em relação à natureza selvagem conseguirá sobreviver por muito tempo se o sistema tecno-industrial continuar a existir. Muitos radicais ambientalistas concordam que esse é o caso e esperam que o sistema entre em colapso. Mas na prática tudo o que eles fazem é atacar a indústria madeireira.

Eu certamente não tenho objeção aos seus ataques à indústria madeireira. Na verdade, é um assunto que está próximo do meu coração e fico contente por qualquer sucesso que os radicais podem ter contra a indústria madeireira. Mais ainda, por razões que eu preciso explicar aqui, eu penso que a oposição à indústria madeireira deva ser um componente dos esforços para acabar com o sistema.

Mas, por ela mesma, atacar a indústria madeireira não é um modo eficiente de ir contra o sistema, porque mesmo que os radicais consigam parar todo o desmatamento em todo o mundo, isso não iria destruir o sistema. E não iria salvar permanentemente a natureza selvagem. Cedo ou tarde o clima político mudaria e o desmatamento recomeçaria. Mesmo que o desmatamento não recomeçasse, existiriam outras formas nas quais a natureza selvagem seria destruída, ou se não destruída ao menos domada e domesticada. Mineração, chuva ácida, mudanças climáticas e extinção de espécies destroem a natureza selvagem; a natureza selvagem é domada e domesticada por recreação, estudo científico, e gerenciamento de recursos, incluindo entre outras coisas, rastreamento eletrônico de animais, barragem de córregos para a criação de peixes, e plantio de árvores geneticamente modificadas.

A natureza selvagem só pode ser salva permanentemente eliminando o sistema tecno-industrial, e você não consegue eliminar o sistema atacando a indústria madeireira. O sistema sobreviveria facilmente à morte da indústria madeireira porque produtos de madeira, apesar de muito úteis ao sistema, podem se necessário, serem substituídos por outros materiais.
Consequentemente, quando você ataca a indústria madeireira, você não está atingindo o sistema aonde dói. A indústria madeireira é apenas o "punho" (ou um dos punhos) no qual o sistema destrói a natureza selvagem, e, como em uma luta de punhos, você não consegue vencer atingindo o punho. Você tem que passar por trás do punho e atingir os órgãos mais vitais e sensíveis do sistema. Por meios legais, é claro, como protestos pacíficos.

Porque o sistema é forte

O sistema tecno-industrial é excepcionalmente forte devido a sua chamada estrutura "democrática” e sua flexibilidade resultante. Devido ao fato de que sistemas ditatoriais tendem a ser rígidos, tensões sociais e resistências podem crescer ao ponto em que elas danificam e enfraquecem o sistema e podem levar à revolução. Mas em um sistema "democrático", quando a tensão social e a resistência crescem perigosamente, o sistema cede o suficiente, ele abre mão o suficiente, para baixar as tensões a um nível seguro.

Durante os anos de 1960 as pessoas começaram a se dar conta que a poluição ambiental era um problema sério, mais ainda porque a sujeira visível e cheirável no ar sobre nossas grandes cidades estavam começando a deixar as pessoas desconfortáveis. Protestos apareceram e uma Agência de Proteção Ambiental foi criada e outras medidas foram tomadas para aliviar o problema. É claro que todos sabemos que nossos problemas de poluição estão a um longo, longo caminho de serem resolvidos. Mas o suficiente foi feito para que as queixas do público abaixassem e a pressão no sistema fosse reduzida por muitos anos.

Portanto, atacar o sistema é como atacar um pedaço de borracha. Um golpe de martelo pode estilhaçar ferro fundido, porque ferro fundido é rígido e frágil. Mas você pode golpear um pedaço de borracha sem danificá-lo porque ele é flexível: Ele cede espaço diante de um protesto, só o suficiente para que o protesto perca sua força e impulso. E então o sistema cresce de volta.

Então, para atingir o sistema aonde dói, você deve selecionar os assuntos pelos quais o sistema não irá ceder, pelos quais ele irá lutar até o fim. O que você precisa não é um acordo com o sistema, mas uma luta de vida ou morte.

É inútil atacar o sistema em termos de seus próprios valores

É absolutamente essencial atacar o sistema não em termos de seus próprios valores tecnologicamente-orientados, mas em termos de valores que são inconsistentes com os valores do sistema. Enquanto você atacar o sistema em termos de seus próprios valores, você não atinge o sistema aonde dói, e você permite que o sistema reduza o protesto abrindo caminho, recuando.

Por exemplo, se você ataca a indústria madeireira primeiramente com base em que florestas são necessárias para preservar recursos naturais e oportunidades recreativas, então o sistema pode ceder para neutralizar o protesto sem comprometer seus próprios valores: recursos de água e recreação são totalmente consistentes com os valores do sistema, e se o sistema recua, se ele restringe o corte de árvores em nome de recursos hídricos e recreação, então ele apenas faz um recuo tático e não sofre uma derrota estratégica em seu código de valores.

Se você empurra questões vitimizadoras (como o racismo, sexismo, homofobia, ou pobreza) você não está desafiando os valores do sistema e você não está nem ao menos forçando o sistema a recuar ou ceder. Você está ajudando o sistema diretamente. Todos os proponentes mais sábios do sistema reconhecem que o racismo, sexismo, homofobia, e pobreza são prejudiciais ao sistema, e é por isso que o próprio sistema trabalha para combater estas e outras formas similares de vitimização.

"Estabelecimentos escravizantes" com seus baixos salários e condições de trabalho miseráveis, podem dar lucro para certas corporações, mas proponentes sábios do sistema sabem muito bem que o sistema como um todo funciona melhor quando trabalhadores são tratados decentemente. Ao questionar estabelecimentos escravizantes, você está ajudando o sistema, e não o enfraquecendo.

Muitos radicais caem na tentação de focarem-se em questões não essenciais como racismo, sexismo e estabelecimentos escravizantes porque é fácil. Eles escolhem um problema do qual o sistema pode firmar um acordo e o qual vão receber apoio de pessoas como Ralph Nader, Winona La Duke, as uniões trabalhistas, e todos os outros comunistas partidários. Talvez o sistema, sob pressão, irá recuar um pouco, os ativistas irão ver algum resultado visível de seus esforços, e eles terão a ilusão satisfatória de que conseguiram algo. Mas na verdade eles não conseguiram nada em relação a eliminar o sistema tecno-industrial.

A questão da globalização não é completamente irrelevante para o problema da tecnologia. O pacote de medidas políticas e econômicas denominado "globalização" promove o crescimento econômico e, consequentemente, o progresso tecnológico. Mesmo assim, a globalização é uma questão de importância mínima e não um alvo bem escolhido de revolucionários. O sistema pode ceder espaço na questão da globalização. Sem abandonar a globalização por completo, o sistema pode tomar medidas para mitigar as consequências econômicas e ambientais negativas da globalização para neutralizar os protestos. Por quase nada, o sistema poderia até mesmo arcar em desistir totalmente da globalização. O crescimento e progresso mesmo assim continuariam, apenas em um ritmo mais lento. E quando você luta contra a globalização você não está atacando os valores fundamentais do sistema. A oposição à globalização é motivada nos termos de assegurar salários decentes para trabalhadores e proteger o meio ambiente, ambos dos quais são completamente consistentes com os valores do sistema. O sistema, para sua própria sobrevivência, não pode deixar a degradação ambiental aumentar demais. Consequentemente, ao lutar contra a globalização você não atinge o sistema aonde realmente dói. Seus esforços podem promover a reforma, mas elas são inúteis no propósito de abolir o sistema tecno-industrial.

Radicais devem atacar o sistema em pontos decisivos

Para trabalhar efetivamente em direção à eliminação do sistema tecno-industrial, os revolucionários devem atacar o sistema em pontos dos quais o sistema não pode ceder. Eles devem atacar os órgãos vitais do sistema. É claro, quando eu uso a palavra "atacar", eu não estou me referindo a ataque físico, mas somente formas legais de protesto e resistência.

Alguns exemplos de órgãos vitais do sistema são:

A. A indústria de energia elétrica. O sistema é totalmente dependente de sua rede elétrica.
B. A indústria de comunicações. Sem comunicações rápidas, como por telefone, rádio, televisão, e-mail, e assim por diante, o sistema não sobreviveria.

C. A indústria de computação. Todos nós sabemos que sem os computadores o sistema iria prontamente entrar em colapso.

D. A indústria de propaganda. A indústria de propaganda inclui a indústria do entretenimento, o sistema educacional, o jornalismo, a publicidade, as relações públicas, além da política e da indústria de saúde. O sistema não funciona ao menos que as pessoas sejam suficientemente dóceis e conformistas e tenham atitudes que o sistema necessita que tenham. É função da indústria de propaganda ensinar as pessoas esse tipo de pensamento e comportamento.

E. A indústria de biotecnologia. O sistema ainda não está (até onde eu saiba) fisicamente dependente da biotecnologia avançada. No entanto, o sistema não pode deixar de lado a questão da biotecnologia, que é uma questão criticamente importante para o sistema, como eu irei argumentar logo.

Novamente: Quando você ataca esses órgãos vitais do sistema, é essencial não atacá-los em termos dos próprios valores do sistema, mas em termos de valores inconsistentes com aqueles do sistema. Por exemplo, se você ataca a indústria de energia elétrica com base em que ela polui o meio ambiente, o sistema pode neutralizar o protesto desenvolvendo métodos mais limpos de geração de eletricidade. Se o pior acontecesse, o sistema poderia até mesmo mudar totalmente para a energia eólica e solar. Isso pode ajudar bastante para reduzir danos ambientais, mas não ajudaria a pôr um fim ao sistema tecno-industrial. Nem iria representar uma derrota para os valores fundamentais do sistema. Para conseguir qualquer coisa contra o sistema você deve atacar toda a geração de energia elétrica como uma questão de princípio, com base em que a dependência em eletricidade faz as pessoas dependentes do sistema. Isso é um fundamento incompatível com os valores do sistema.

A biotecnologia pode ser o melhor alvo para ataque político

Provavelmente o alvo mais promissor para ataque político é a indústria da biotecnologia. Apesar do fato de que revoluções são geralmente conduzidas por minorias, é muito útil ter algum grau de apoio, simpatia, ou pelo menos consentimento da população geral. Se você concentrasse, por exemplo, seu ataque político na indústria de energia elétrica, seria extremamente difícil conseguir qualquer tipo de apoio além de uma minoria radical, porque a maioria das pessoas resistem a mudanças em seus estilos de vida, especialmente qualquer mudança que seja inconveniente para elas. Por essa razão, poucos estariam dispostos a abandonar a eletricidade.

Mas as pessoas ainda não se sentem dependentes da biotecnologia avançada como elas se sentem com a eletricidade. Eliminar a biotecnologia não irá mudar radicalmente suas vidas. Pelo contrário, seria possível mostrar às pessoas que o desenvolvimento contínuo da biotecnologia irá transformar seus modos de vida e acabar com valores humanos antigos. Portanto, ao desafiar a biotecnologia, os radicais devem conseguir mobilizar a seu próprio favor a resistência humana natural por mudanças.

E a biotecnologia é uma questão da qual o sistema não pode perder. É uma questão da qual o sistema terá que lutar até o fim, o que é exatamente o que precisamos. Mas - para repetir mais uma vez - é essencial atacar a biotecnologia não em termos dos próprios valores do sistema, mas em termos de valores inconsistentes com daqueles do sistema. Por exemplo, se você atacar a biotecnologia, primeiramente com base em que ela pode causar danos ao meio ambiente, ou que alimentos geneticamente modificados podem ser prejudicais à saúde, então o sistema pode e irá amortecer seu ataque cedendo ou recuando - por exemplo, introduzindo maior supervisão em pesquisas genéticas e mais testes e regulamentos rigorosos de plantações geneticamente modificadas. A ansiedade das pessoas irá então acalmar e o protesto irá enfraquecer.

Toda a biotecnologia deve ser atacada como uma questão de princípio

Então, ao invés de protestar contra uma ou outra consequência negativa da biotecnologia, você deve atacar toda a biotecnologia moderna como princípio, com base em por exemplo: (a) que é um insulto a todas as coisas vivas; (b) que ela põe muito poder nas mãos do sistema; (c) que ela irá transformar radicalmente valores humanos fundamentais que têm existido por milhares de anos; e fundamentos similares que são inconsistentes com os valores do sistema.

Em resposta a esse tipo de ataque o sistema terá que levantar e lutar. Ele não possui recursos para se proteger do seu ataque cedendo em qualquer nível que seja, porque a biotecnologia é muito central para todo o empreendimento do progresso tecnológico, e porque ao ceder, o sistema não estará fazendo apenas um recuo tático, mas estará levando uma grande derrota estratégica em seu código de valores. Esses valores estariam minados e a porta estaria aberta para ataques políticos que poderiam destruir as fundações do sistema.

É verdade que a Casa dos Representantes dos EUA recentemente votou para banir a clonagem de seres humanos, e pelo menos alguns congressistas até tinham os tipos de razões certas para isso. As razões que eu li estavam enquadradas em termos religiosos, mas seja o que for o que você pensa sobre os termos religiosos envolvidos, essas razões não eram razões tecnologicamente aceitáveis. E é isso o que importa.

Portanto, os votos dos congressistas sobre clonagem humana foi uma derrota genuína para o sistema. Mas ela foi apenas uma derrota muito, muito pequena, por causa da área estreita da proibição - apenas uma minúscula parte da biotecnologia foi afetada - e já que de qualquer forma para o futuro próximo a clonagem de seres humanos seria de pouco uso prático para o sistema. Mas a ação da Casa dos Representantes sugere que isso pode ser um ponto do qual o sistema é vulnerável, e que um ataque mais amplo em toda a biotecnologia pode causar um dano severo no sistema e em seus valores.

Os radicais ainda não estão atacando a biotecnologia efetivamente

Alguns radicais atacam a biotecnologia, tanto politicamente quanto fisicamente, mas até aonde eu saiba eles explicam sua oposição à biotecnologia em termos dos próprios valores do sistema. Ou seja, suas queixas principais são os riscos de danos ambientais e de ser prejudicial à saúde.

E eles não estão atingindo a indústria da biotecnologia aonde dói. Utilizando uma analogia de combate físico novamente, suponha que você tenha que se defender contra um polvo gigante. Você não poderia contra-atacar efetivamente golpeando as pontas de seus tentáculos. Você tem que atingir na cabeça. Do que eu li de suas atividades, os radicais que trabalham contra a biotecnologia ainda não fazem mais do que golpear as pontas dos tentáculos do polvo. Eles tentam persuadir fazendeiros comuns, individualmente, de não plantarem sementes geneticamente modificadas. Mas existem milhares de fazendas na América, e então persuadir fazendeiros individualmente é um modo extremamente ineficiente para combater a engenharia genética. Seria muito mais eficaz persuadir cientistas que atuam trabalhando em pesquisas biotecnológicas, ou executivos de empresas como a Monsanto, a saírem da indústria biotecnológica. Bons cientistas pesquisadores são pessoas que possuem talentos especiais e treinamento extensivo, e por isso eles são difíceis de substituir. O mesmo é verdade de altos executivos Corporativos. Persuadir somente um pouco dessas pessoas a saírem da biotecnologia causaria mais dano à indústria da biotecnologia do que persuadir mil fazendeiros a não plantarem sementes geneticamente modificadas.

Atinja aonde dói


Está aberta a argumentação se eu estou certo em pensar que a biotecnologia é a melhor questão a qual atacar o sistema politicamente. Mas está além da argumentação de que os radicais atualmente estão gastando muito de suas energias em questões que têm pouca ou nenhuma relevância para a sobrevivência do sistema tecnológico. E mesmo quando eles dirigem-se às questões certas, os radicais não atingem aonde dói. Então ao invés de correrem para a próxima cúpula mundial do comércio para perderem a calma e terem ataques de raiva sobre a globalização, os radicais deveriam gastar mais tempo pensando em como atingir o sistema onde realmente dói. Por meios legais, claro.

Theodore Kackzynski

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Original: Green Anarchy Magazine #8

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