O propósito deste
artigo é apontar um princípio muito simples do conflito humano, um princípio que
os oponentes do sistema tecno-industrial parecem estar negligenciando. O
princípio é o de que em qualquer forma de conflito, se você quer vencer, você
deve atingir seu adversário aonde dói.
Eu tenho que explicar
que quando eu falo sobre "atingir aonde dói" eu não estou
necessariamente me referindo a golpes físicos ou a qualquer outra forma de violência
física. Por exemplo, em um debate oral, "atingir aonde dói"
significaria fazer argumentos do qual a posição do seu oponente é a mais
vulnerável. Em uma eleição presidencial, "atingir aonde dói"
significaria ganhar do seu oponente os estados que tiverem o maior número de
votos. Mesmo assim, ao discutir este princípio eu irei utilizar a analogia de
um combate físico, porque é vívido e claro.
Se uma pessoa te dá um
murro, você não pode se defender atingindo de volta no punho dela, porque você
não conseguirá ferir a pessoa dessa forma. Para você vencer a luta, você deve
atingir a pessoa aonde dói. Isso significa que você deve passar por trás do
punho e atingir as partes sensíveis e vulneráveis do corpo da pessoa.
Suponha que uma
escavadeira pertencente a uma madeireira esteja destruindo a mata perto de sua
casa e você quer parar com isso. É a lâmina da escavadeira que rasga a terra e
derruba as árvores, mas seria uma perda de tempo pegar uma marreta e atingir a
lâmina. Se você gastar um longo e duro dia marretando a lâmina, você pode até
conseguir danificar a lâmina o suficiente para que ela fique inutilizável. Mas,
em comparação com o resto da escavadeira, a lâmina é relativamente barata e
fácil de substituir. A lâmina é apenas o "punho" em que a escavadeira
atinge a terra. Para derrotar a máquina você deve passar por trás do
"punho" e atacar as partes vitais da escavadeira. O motor, por
exemplo, pode ser arruinado com muito pouco tempo e esforço por meios bem
conhecidos por muitos radicais.
Neste ponto eu devo
deixar claro que eu não estou recomendando que alguém deva danificar uma
escavadeira (ao menos que seja propriedade sua). Nem qualquer outra coisa neste
artigo deve ser interpretada como recomendando atividade ilegal de qualquer
tipo. Eu sou um prisioneiro, e se eu fosse encorajar atividade ilegal esse
artigo nem sairia da prisão. Eu uso a analogia da escavadeira somente porque é
claro e vívido e será apreciado por radicais.
A tecnologia é o alvo
É amplamente
reconhecido que "a variável básica que determina o processo histórico
contemporâneo é o resultado do desenvolvimento tecnológico" (Celso
Furtado). A tecnologia, acima de tudo, é responsável pela atual condição do
mundo e irá controlar o seu desenvolvimento futuro. Portanto, a escavadeira que
nós temos que destruir é a tecnologia moderna em si. Muitos radicais estão
conscientes disso, e sabem então que suas tarefas são eliminar todo o sistema
tecno-industrial. Mas infelizmente eles têm prestado pouca atenção para a
necessidade de atingir o sistema aonde dói.
Destruir o McDonald's
ou o Starbuck's é inútil. Não que eu me importe com o McDonald's ou o
Starbuck's. Eu não me importo se alguém os destrói ou não. Mas isso não é uma
atividade revolucionária. Mesmo se cada rede de fast-food no mundo fosse
arrasada o sistema tecno-industrial sofreria danos mínimos como resultado, já
que ele consegue sobreviver facilmente sem redes de fast-food. Quando você
ataca o McDonald's ou o Starbuck's, você não está atingindo aonde dói.
Alguns meses atrás eu
recebi uma carta de um jovem na Dinamarca que acreditava que o sistema
tecno-industrial tinha que ser eliminado porque, em suas palavras, "O que
acontecerá se continuarmos dessa forma?" Entretanto, aparentemente sua
forma de atividade "revolucionária" era atacar fazendas de peles.
Como um meio de enfraquecer o sistema tecno-industrial essa atividade é
totalmente inútil. Mesmo se os libertadores de animais tivessem êxito em
eliminar completamente a indústria de peles eles não causariam qualquer dano ao
sistema, porque o sistema consegue se manter perfeitamente sem peles.
Eu concordo que manter
animais selvagens em gaiolas é intolerável, e pôr um fim a tais práticas é uma
causa nobre. Mas existem muitas outras causas nobres, como prevenir acidentes
de trânsito, prover abrigo para os moradores de rua, reciclagem, ou ajudar
pessoas velhas atravessar a rua. Mesmo assim ninguém é tolo o bastante para
confundir essas atividades com atividades revolucionárias, ou imaginar que elas
fazem algo para enfraquecer o sistema.
A indústria madeireira é um caso à parte
Como outro exemplo,
ninguém em sã consciência acredita que qualquer coisa em relação à natureza
selvagem conseguirá sobreviver por muito tempo se o sistema tecno-industrial
continuar a existir. Muitos radicais ambientalistas concordam que esse é o caso
e esperam que o sistema entre em colapso. Mas na prática tudo o que eles fazem
é atacar a indústria madeireira.
Eu certamente não tenho
objeção aos seus ataques à indústria madeireira. Na verdade, é um assunto que
está próximo do meu coração e fico contente por qualquer sucesso que os
radicais podem ter contra a indústria madeireira. Mais ainda, por razões que eu
preciso explicar aqui, eu penso que a oposição à indústria madeireira deva ser
um componente dos esforços para acabar com o sistema.
Mas, por ela mesma,
atacar a indústria madeireira não é um modo eficiente de ir contra o sistema,
porque mesmo que os radicais consigam parar todo o desmatamento em todo o
mundo, isso não iria destruir o sistema. E não iria salvar permanentemente a
natureza selvagem. Cedo ou tarde o clima político mudaria e o desmatamento
recomeçaria. Mesmo que o desmatamento não recomeçasse, existiriam outras formas
nas quais a natureza selvagem seria destruída, ou se não destruída ao menos
domada e domesticada. Mineração, chuva ácida, mudanças climáticas e extinção de
espécies destroem a natureza selvagem; a natureza selvagem é domada e
domesticada por recreação, estudo científico, e gerenciamento de recursos,
incluindo entre outras coisas, rastreamento eletrônico de animais, barragem de
córregos para a criação de peixes, e plantio de árvores geneticamente
modificadas.
A natureza selvagem só
pode ser salva permanentemente eliminando o sistema tecno-industrial, e você
não consegue eliminar o sistema atacando a indústria madeireira. O sistema
sobreviveria facilmente à morte da indústria madeireira porque produtos de
madeira, apesar de muito úteis ao sistema, podem se necessário, serem
substituídos por outros materiais.
Consequentemente,
quando você ataca a indústria madeireira, você não está atingindo o sistema
aonde dói. A indústria madeireira é apenas o "punho" (ou um dos
punhos) no qual o sistema destrói a natureza selvagem, e, como em uma luta de
punhos, você não consegue vencer atingindo o punho. Você tem que passar por
trás do punho e atingir os órgãos mais vitais e sensíveis do sistema. Por meios
legais, é claro, como protestos pacíficos.
Porque o sistema é forte
O sistema
tecno-industrial é excepcionalmente forte devido a sua chamada estrutura "democrática”
e sua flexibilidade resultante. Devido ao fato de que sistemas ditatoriais
tendem a ser rígidos, tensões sociais e resistências podem crescer ao ponto em
que elas danificam e enfraquecem o sistema e podem levar à revolução. Mas em um
sistema "democrático", quando a tensão social e a resistência crescem
perigosamente, o sistema cede o suficiente, ele abre mão o suficiente, para
baixar as tensões a um nível seguro.
Durante os anos de 1960
as pessoas começaram a se dar conta que a poluição ambiental era um problema
sério, mais ainda porque a sujeira visível e cheirável no ar sobre nossas
grandes cidades estavam começando a deixar as pessoas desconfortáveis.
Protestos apareceram e uma Agência de Proteção Ambiental foi criada e outras
medidas foram tomadas para aliviar o problema. É claro que todos sabemos que
nossos problemas de poluição estão a um longo, longo caminho de serem
resolvidos. Mas o suficiente foi feito para que as queixas do público
abaixassem e a pressão no sistema fosse reduzida por muitos anos.
Portanto, atacar o
sistema é como atacar um pedaço de borracha. Um golpe de martelo pode
estilhaçar ferro fundido, porque ferro fundido é rígido e frágil. Mas você pode
golpear um pedaço de borracha sem danificá-lo porque ele é flexível: Ele cede
espaço diante de um protesto, só o suficiente para que o protesto perca sua
força e impulso. E então o sistema cresce de volta.
Então, para atingir o
sistema aonde dói, você deve selecionar os assuntos pelos quais o sistema não
irá ceder, pelos quais ele irá lutar até o fim. O que você precisa não é um
acordo com o sistema, mas uma luta de vida ou morte.
É inútil atacar o sistema em termos de seus próprios valores
É absolutamente
essencial atacar o sistema não em termos de seus próprios valores tecnologicamente-orientados,
mas em termos de valores que são inconsistentes com os valores do sistema.
Enquanto você atacar o sistema em termos de seus próprios valores, você não
atinge o sistema aonde dói, e você permite que o sistema reduza o protesto abrindo
caminho, recuando.
Por exemplo, se você
ataca a indústria madeireira primeiramente com base em que florestas são
necessárias para preservar recursos naturais e oportunidades recreativas, então
o sistema pode ceder para neutralizar o protesto sem comprometer seus próprios
valores: recursos de água e recreação são totalmente consistentes com os
valores do sistema, e se o sistema recua, se ele restringe o corte de árvores
em nome de recursos hídricos e recreação, então ele apenas faz um recuo tático
e não sofre uma derrota estratégica em seu código de valores.
Se você empurra
questões vitimizadoras (como o racismo, sexismo, homofobia, ou pobreza) você
não está desafiando os valores do sistema e você não está nem ao menos forçando
o sistema a recuar ou ceder. Você está ajudando o sistema diretamente. Todos os
proponentes mais sábios do sistema reconhecem que o racismo, sexismo,
homofobia, e pobreza são prejudiciais ao sistema, e é por isso que o próprio
sistema trabalha para combater estas e outras formas similares de vitimização.
"Estabelecimentos
escravizantes" com seus baixos salários e condições de trabalho
miseráveis, podem dar lucro para certas corporações, mas proponentes sábios do
sistema sabem muito bem que o sistema como um todo funciona melhor quando
trabalhadores são tratados decentemente. Ao questionar estabelecimentos
escravizantes, você está ajudando o sistema, e não o enfraquecendo.
Muitos radicais caem na
tentação de focarem-se em questões não essenciais como racismo, sexismo e
estabelecimentos escravizantes porque é fácil. Eles escolhem um problema do
qual o sistema pode firmar um acordo e o qual vão receber apoio de pessoas como
Ralph Nader, Winona La Duke, as uniões trabalhistas, e todos os outros
comunistas partidários. Talvez o sistema, sob pressão, irá recuar um pouco, os
ativistas irão ver algum resultado visível de seus esforços, e eles terão a
ilusão satisfatória de que conseguiram algo. Mas na verdade eles não
conseguiram nada em relação a eliminar o sistema tecno-industrial.
A questão da
globalização não é completamente irrelevante para o problema da tecnologia. O
pacote de medidas políticas e econômicas denominado "globalização"
promove o crescimento econômico e, consequentemente, o progresso tecnológico.
Mesmo assim, a globalização é uma questão de importância mínima e não um alvo
bem escolhido de revolucionários. O sistema pode ceder espaço na questão da
globalização. Sem abandonar a globalização por completo, o sistema pode tomar
medidas para mitigar as consequências econômicas e ambientais negativas da
globalização para neutralizar os protestos. Por quase nada, o sistema poderia
até mesmo arcar em desistir totalmente da globalização. O crescimento e
progresso mesmo assim continuariam, apenas em um ritmo mais lento. E quando você
luta contra a globalização você não está atacando os valores fundamentais do
sistema. A oposição à globalização é motivada nos termos de assegurar salários
decentes para trabalhadores e proteger o meio ambiente, ambos dos quais são
completamente consistentes com os valores do sistema. O sistema, para sua
própria sobrevivência, não pode deixar a degradação ambiental aumentar demais.
Consequentemente, ao lutar contra a globalização você não atinge o sistema
aonde realmente dói. Seus esforços podem promover a reforma, mas elas são
inúteis no propósito de abolir o sistema tecno-industrial.
Radicais devem atacar o sistema em pontos decisivos
Para trabalhar
efetivamente em direção à eliminação do sistema tecno-industrial, os
revolucionários devem atacar o sistema em pontos dos quais o sistema não pode
ceder. Eles devem atacar os órgãos vitais do sistema. É claro, quando eu uso a
palavra "atacar", eu não estou me referindo a ataque físico, mas
somente formas legais de protesto e resistência.
Alguns exemplos de
órgãos vitais do sistema são:
A. A indústria
de energia elétrica. O sistema é totalmente dependente de sua rede elétrica.
B. A indústria de comunicações. Sem comunicações rápidas,
como por telefone, rádio, televisão, e-mail, e assim por diante, o sistema não
sobreviveria.
C. A indústria de computação. Todos nós sabemos que sem os
computadores o sistema iria prontamente entrar em colapso.
D. A indústria de propaganda. A indústria de propaganda
inclui a indústria do entretenimento, o sistema educacional, o jornalismo, a
publicidade, as relações públicas, além da política e da indústria de saúde. O
sistema não funciona ao menos que as pessoas sejam suficientemente dóceis e
conformistas e tenham atitudes que o sistema necessita que tenham. É função da
indústria de propaganda ensinar as pessoas esse tipo de pensamento e
comportamento.
E. A indústria de biotecnologia. O sistema ainda não está
(até onde eu saiba) fisicamente dependente da biotecnologia avançada. No
entanto, o sistema não pode deixar de lado a questão da biotecnologia, que é
uma questão criticamente importante para o sistema, como eu irei argumentar
logo.
Novamente: Quando você
ataca esses órgãos vitais do sistema, é essencial não atacá-los em termos dos
próprios valores do sistema, mas em termos de valores inconsistentes com
aqueles do sistema. Por exemplo, se você ataca a indústria de energia elétrica
com base em que ela polui o meio ambiente, o sistema pode neutralizar o
protesto desenvolvendo métodos mais limpos de geração de eletricidade. Se o
pior acontecesse, o sistema poderia até mesmo mudar totalmente para a energia
eólica e solar. Isso pode ajudar bastante para reduzir danos ambientais, mas
não ajudaria a pôr um fim ao sistema tecno-industrial. Nem iria representar uma
derrota para os valores fundamentais do sistema. Para conseguir qualquer coisa
contra o sistema você deve atacar toda a geração de energia elétrica como uma
questão de princípio, com base em que a dependência em eletricidade faz as
pessoas dependentes do sistema. Isso é um fundamento incompatível com os
valores do sistema.
A biotecnologia pode ser o melhor alvo para ataque político
Provavelmente o alvo
mais promissor para ataque político é a indústria da biotecnologia. Apesar do
fato de que revoluções são geralmente conduzidas por minorias, é muito útil ter
algum grau de apoio, simpatia, ou pelo menos consentimento da população geral.
Se você concentrasse, por exemplo, seu ataque político na indústria de energia
elétrica, seria extremamente difícil conseguir qualquer tipo de apoio além de
uma minoria radical, porque a maioria das pessoas resistem a mudanças em seus
estilos de vida, especialmente qualquer mudança que seja inconveniente para
elas. Por essa razão, poucos estariam dispostos a abandonar a eletricidade.
Mas as pessoas ainda
não se sentem dependentes da biotecnologia avançada como elas se sentem com a
eletricidade. Eliminar a biotecnologia não irá mudar radicalmente suas vidas.
Pelo contrário, seria possível mostrar às pessoas que o desenvolvimento
contínuo da biotecnologia irá transformar seus modos de vida e acabar com
valores humanos antigos. Portanto, ao desafiar a biotecnologia, os radicais
devem conseguir mobilizar a seu próprio favor a resistência humana natural por
mudanças.
E a biotecnologia é uma
questão da qual o sistema não pode perder. É uma questão da qual o sistema terá
que lutar até o fim, o que é exatamente o que precisamos. Mas - para repetir
mais uma vez - é essencial atacar a biotecnologia não em termos dos próprios
valores do sistema, mas em termos de valores inconsistentes com daqueles do
sistema. Por exemplo, se você atacar a biotecnologia, primeiramente com base em
que ela pode causar danos ao meio ambiente, ou que alimentos geneticamente
modificados podem ser prejudicais à saúde, então o sistema pode e irá amortecer
seu ataque cedendo ou recuando - por exemplo, introduzindo maior supervisão em
pesquisas genéticas e mais testes e regulamentos rigorosos de plantações
geneticamente modificadas. A ansiedade das pessoas irá então acalmar e o
protesto irá enfraquecer.
Toda a biotecnologia deve ser atacada como uma questão de princípio
Então, ao invés de
protestar contra uma ou outra consequência negativa da biotecnologia, você deve
atacar toda a biotecnologia moderna como princípio, com base em por exemplo:
(a) que é um insulto a todas as coisas vivas; (b) que ela põe muito poder nas
mãos do sistema; (c) que ela irá transformar radicalmente valores humanos
fundamentais que têm existido por milhares de anos; e fundamentos similares que
são inconsistentes com os valores do sistema.
Em resposta a esse tipo
de ataque o sistema terá que levantar e lutar. Ele não possui recursos para se
proteger do seu ataque cedendo em qualquer nível que seja, porque a
biotecnologia é muito central para todo o empreendimento do progresso
tecnológico, e porque ao ceder, o sistema não estará fazendo apenas um recuo
tático, mas estará levando uma grande derrota estratégica em seu código de
valores. Esses valores estariam minados e a porta estaria aberta para ataques políticos
que poderiam destruir as fundações do sistema.
É verdade que a Casa
dos Representantes dos EUA recentemente votou para banir a clonagem de seres
humanos, e pelo menos alguns congressistas até tinham os tipos de razões certas
para isso. As razões que eu li estavam enquadradas em termos religiosos, mas
seja o que for o que você pensa sobre os termos religiosos envolvidos, essas
razões não eram razões tecnologicamente aceitáveis. E é isso o que importa.
Portanto, os votos dos
congressistas sobre clonagem humana foi uma derrota genuína para o sistema. Mas
ela foi apenas uma derrota muito, muito pequena, por causa da área estreita da
proibição - apenas uma minúscula parte da biotecnologia foi afetada - e já que
de qualquer forma para o futuro próximo a clonagem de seres humanos seria de
pouco uso prático para o sistema. Mas a ação da Casa dos Representantes sugere
que isso pode ser um ponto do qual o sistema é vulnerável, e que um ataque mais
amplo em toda a biotecnologia pode causar um dano severo no sistema e em seus
valores.
Os radicais ainda não estão atacando a biotecnologia efetivamente
Alguns radicais atacam
a biotecnologia, tanto politicamente quanto fisicamente, mas até aonde eu saiba
eles explicam sua oposição à biotecnologia em termos dos próprios valores do
sistema. Ou seja, suas queixas principais são os riscos de danos ambientais e
de ser prejudicial à saúde.
E eles não estão
atingindo a indústria da biotecnologia aonde dói. Utilizando uma analogia de
combate físico novamente, suponha que você tenha que se defender contra um
polvo gigante. Você não poderia contra-atacar efetivamente golpeando as pontas
de seus tentáculos. Você tem que atingir na cabeça. Do que eu li de suas
atividades, os radicais que trabalham contra a biotecnologia ainda não fazem
mais do que golpear as pontas dos tentáculos do polvo. Eles tentam persuadir
fazendeiros comuns, individualmente, de não plantarem sementes geneticamente
modificadas. Mas existem milhares de fazendas na América, e então persuadir
fazendeiros individualmente é um modo extremamente ineficiente para combater a
engenharia genética. Seria muito mais eficaz persuadir cientistas que atuam
trabalhando em pesquisas biotecnológicas, ou executivos de empresas como a
Monsanto, a saírem da indústria biotecnológica. Bons cientistas pesquisadores
são pessoas que possuem talentos especiais e treinamento extensivo, e por isso
eles são difíceis de substituir. O mesmo é verdade de altos executivos
Corporativos. Persuadir somente um pouco dessas pessoas a saírem da biotecnologia
causaria mais dano à indústria da biotecnologia do que persuadir mil
fazendeiros a não plantarem sementes geneticamente modificadas.
Atinja aonde dói
Está aberta a
argumentação se eu estou certo em pensar que a biotecnologia é a melhor questão
a qual atacar o sistema politicamente. Mas está além da argumentação de que os
radicais atualmente estão gastando muito de suas energias em questões que têm
pouca ou nenhuma relevância para a sobrevivência do sistema tecnológico. E
mesmo quando eles dirigem-se às questões certas, os radicais não atingem aonde
dói. Então ao invés de correrem para a próxima cúpula mundial do comércio para
perderem a calma e terem ataques de raiva sobre a globalização, os radicais
deveriam gastar mais tempo pensando em como atingir o sistema onde realmente
dói. Por meios legais, claro.
Theodore Kackzynski
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Original: Green Anarchy Magazine #8
Theodore Kackzynski
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Original: Green Anarchy Magazine #8
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