Qualquer cidade urbanizada é essencialmente um lugar hostil. Creio que não seja nem necessário citar intelectuais que legitimem essa sentença.
Basta sair na rua e perceber. Cada ponto da cidade exerce uma força sobre nós. Somos pressionados por essa força a cada momento em que estamos inseridos na selva de pedra. Toda sua organização física parece ter sido modelada por alguma criaturinha cruel sentada em uma mesa em seu “Departamento de Repressão Subliminar”. Você percebe isso, só talvez não interprete da mesma forma – mas creio que ainda assim, independente de sua interpretação, você pode sentir que a cidade É hostil.
"Quando eu vejo um adulto em uma bicicleta, eu tenho esperanças na raça humana"
H. G. Wells
Se ainda discorda, tente se locomover em sua cidade em percursos de média distância. Você só tem quatro opções: você pode ir a pé, e chegar ao questionamento sobre o porquê de seu bairro ter sido construído tão longe de tudo, excluindo-o de outros setores da cidade; você pode ir de carro (se tiver condições financeiras para ter um) e enfrentar a luta violenta digladiadora que é dirigir em uma cidade superlotada de automóveis e de relógios (sim, o tempo é premio para os apressados); você pode ir de transporte coletivo – ou como alguns “cegos narcisistas” gostam de chamar, transporte “público” - , e se sujeitar à uma empresa egoísta que faz parte de uma sub-máfia do poder, instrumento de manutenção da hierarquia política e da contenção do descontentamento popular (pra não falar que a tarifa é mais que abusiva e o serviço sujo); e, por mais incrível que pareça, última opção em um mundo de ‘tecnologias libertadoras’, ir de BICICLETA.
A BICICLETA, o cavalo branco dos neo-ativistas libertários ecológicos e, ao mesmo tempo, o velho camelo desdentado do pobre trabalhador que não recebe o suficiente para sustentar um transporte motorizado. A “bike” – e principalmente os movimentos ciclo-ativistas atuais – vem sendo, em minha opinião, o meio mais eficiente de gerar um questionamento sobre a atual condição do morador de cidades urbanizadas. A bicicleta e seu caráter ecológico, sua simplicidade tecnológica, seu baixo custo econômico e, principalmente, sua capacidade de integrar o pensamento do usuário ao seu ambiente faz dela uma arma a ser reconhecida na luta por uma mentalidade mais reflexiva – em meio a um mar de outdoors que mal nos dão brecha para pensar.
Esta é a idéia, pensar a bicicleta como um instrumento de integração (uma integração real, não aquela patética promovida pela empresa mesquinha de transporte coletivo). Ainda existem formas de viver diferentes daquelas que as forças sociais da urbanização nos impelem, só precisamos encontrá-las, mesmo que, em um primeiro contato, sejam formas simples e pequenas – afinal, como o chavão já diz, de pequenos atos se faz um grande espetáculo.
DE BIKE É MAIS LEGAL
DE BIKE É MAIS ÉTICO
DE BIKE É MAIS ECOLOGICO
DE BIKE É MAIS BARATO
DE BIKE É MAIS...
Respeite a sua vida e seu ambiente, locomova-se de bicicleta sempre que puder. (e se não puder/quiser, respeite um carro a menos para poluir a cidade em todos os sentidos que um carro pode poluir).
Ass: MagrO
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