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O Tao da subversão
Por Janos Biro
Por Janos Biro
A arte de ser perigoso e discreto ao mesmo tempo
1. Levantar uma bandeira é se tornar um alvo fácil. Imagine o quanto é útil para um sistema de controle que todos os seus inimigos declarem expressamente suas intenções e levantem bandeiras vermelhas para mostrar precisamente seu número, localização e direção. Além disso, contanto que fiquem apenas gritando e expressando sua revolta, eles são inofensivos. E se eles encherem demais o saco, o sistema de controle sempre pode dar algo descartável para eles morderem. Não se pode mudar radicalmente a sociedade jogando o jogo deles. Identificar todos os descontentes e deixá-los aliviarem sua raiva atacando um fantoche com cara de bobo ao invés de atacar a visão de mundo que sustenta todo o sistema de controle é a grande defesa da civilização.
2. Invisibilidade. Quem terá deixado de notar os políticos raramente dizem o que realmente pensam? Eles protegem suas intenções reais por detrás de um discurso sobre justiça social e coisas que tocam. Apenas aqueles que o conhecem em sua intimidade sabem o que eles realmente querem. Mas se por um lado não podemos dar bandeira, por outro não podemos nos esconder numa nuvem escura de retórica, como eles fazem. A solução é manter-se nas entrelinhas. Nada como uma metáfora ou uma boa ironia para passar a mensagem àqueles que estão dispostos a entender. Os novos agentes das mudanças sociais deveriam se espelhar no ninjitsu, isto é, movendo-se nas sombras, mas alcançando resultados diretos.
3. Deixando pistas. Além de expor com clareza as implicações por debaixo dos discursos dominantes, é preciso também evitar criar um novo discurso dominante, ou potencialmente dominante. Fazemos isso deixando pistas para que as pessoas movam-se por si sós. Se você usa os brinquedos deles, você cai no jogo deles, a não ser que os subverta. Mas mesmo isso deve ser temporário. Se você se engaja num movimento institucionalizado, eles vão se apossar do seu movimento e transformá-lo em algo inofensivo. Dúvidas são mais fáceis de plantar do que certezas. Alguns governantes e empresários sem senso de estratégia ainda acreditam que manifestantes são realmente perigosos, e isso faz com que eles se sintam perigosos.
4. Comunicação não-verbal. As únicas pessoas que vão entender o que queremos fazer são as pessoas que acompanham nossas ações de perto, e são as únicas que precisam entender. Pessoas confiáveis e próximas a nós. Pessoas com as quais podemos comunicar nossas ações sem dizer quase nada. Ninguém deve seguir ordens, não deve haver estrutura organizacional sólida, pois quanto mais sólida ela for, mais fácil será de atingir.
5. Ação pela não ação. Muitas não ações podem ter mais efeito que as ações. O imposto que você paga vai direto para a construção de armas do sistema de controle. Não há neutralidade. As pessoas que estão ?apenas levando a vida? são as grandes contribuintes do sistema. Há muitas coisas que fazemos automaticamente que são complemente desnecessárias para nós, mas muito necessárias para a manutenção do sistema. Deixar de circular dinheiro é mais efetivo que gastar ?para o bem?.
6. Divergir e divertir. Divergir significa não ficar apenas tentando a mesma estratégia de novo, de novo e de novo. Você não precisa apoiar todos que dizem ser contra o sistema, mas também de nada adianta se opor a eles. Não é ofendendo que você vai mudar alguma coisa. Também precisamos nos divertir. É certo que não é nada divertido ver o massacre feito pelo sistema de controle, mas uma estratégia divertida é mais efetiva que uma estratégia monótona e previsível. Lembre-se que divergir e divertir tem tudo a ver com diversidade. Não podemos ser (ou usar) uniformes.
7. Sabotagem. Você pode fingir cooperação, quando na verdade está ganhando confiança para depois sabotar projetos de dominação. Mas eles também podem fazer isso, e depois que eles descobrirem seu truque eles vão ter um truque a mais para usar. A sabotagem é mais efetiva quando feita não como um plano perfeito, mas como uma obra de arte a ser apreciada. Uma obra de arte não pode ser copiada sem perder o valor, já um truque técnico pode.
2. Invisibilidade. Quem terá deixado de notar os políticos raramente dizem o que realmente pensam? Eles protegem suas intenções reais por detrás de um discurso sobre justiça social e coisas que tocam. Apenas aqueles que o conhecem em sua intimidade sabem o que eles realmente querem. Mas se por um lado não podemos dar bandeira, por outro não podemos nos esconder numa nuvem escura de retórica, como eles fazem. A solução é manter-se nas entrelinhas. Nada como uma metáfora ou uma boa ironia para passar a mensagem àqueles que estão dispostos a entender. Os novos agentes das mudanças sociais deveriam se espelhar no ninjitsu, isto é, movendo-se nas sombras, mas alcançando resultados diretos.
3. Deixando pistas. Além de expor com clareza as implicações por debaixo dos discursos dominantes, é preciso também evitar criar um novo discurso dominante, ou potencialmente dominante. Fazemos isso deixando pistas para que as pessoas movam-se por si sós. Se você usa os brinquedos deles, você cai no jogo deles, a não ser que os subverta. Mas mesmo isso deve ser temporário. Se você se engaja num movimento institucionalizado, eles vão se apossar do seu movimento e transformá-lo em algo inofensivo. Dúvidas são mais fáceis de plantar do que certezas. Alguns governantes e empresários sem senso de estratégia ainda acreditam que manifestantes são realmente perigosos, e isso faz com que eles se sintam perigosos.
4. Comunicação não-verbal. As únicas pessoas que vão entender o que queremos fazer são as pessoas que acompanham nossas ações de perto, e são as únicas que precisam entender. Pessoas confiáveis e próximas a nós. Pessoas com as quais podemos comunicar nossas ações sem dizer quase nada. Ninguém deve seguir ordens, não deve haver estrutura organizacional sólida, pois quanto mais sólida ela for, mais fácil será de atingir.
5. Ação pela não ação. Muitas não ações podem ter mais efeito que as ações. O imposto que você paga vai direto para a construção de armas do sistema de controle. Não há neutralidade. As pessoas que estão ?apenas levando a vida? são as grandes contribuintes do sistema. Há muitas coisas que fazemos automaticamente que são complemente desnecessárias para nós, mas muito necessárias para a manutenção do sistema. Deixar de circular dinheiro é mais efetivo que gastar ?para o bem?.
6. Divergir e divertir. Divergir significa não ficar apenas tentando a mesma estratégia de novo, de novo e de novo. Você não precisa apoiar todos que dizem ser contra o sistema, mas também de nada adianta se opor a eles. Não é ofendendo que você vai mudar alguma coisa. Também precisamos nos divertir. É certo que não é nada divertido ver o massacre feito pelo sistema de controle, mas uma estratégia divertida é mais efetiva que uma estratégia monótona e previsível. Lembre-se que divergir e divertir tem tudo a ver com diversidade. Não podemos ser (ou usar) uniformes.
7. Sabotagem. Você pode fingir cooperação, quando na verdade está ganhando confiança para depois sabotar projetos de dominação. Mas eles também podem fazer isso, e depois que eles descobrirem seu truque eles vão ter um truque a mais para usar. A sabotagem é mais efetiva quando feita não como um plano perfeito, mas como uma obra de arte a ser apreciada. Uma obra de arte não pode ser copiada sem perder o valor, já um truque técnico pode.
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Ass: MagrO
Há muitas coisas equivocadas neste texto. Subverter já se tornou uma palavra de ordem dessa cultura. É melhor ser prudente à luz do dia que ser furtivo e imprudente. Diversão na prática não funciona como estratégia. Meu ideal na época era mais individualista e pós-moderno do que eu imaginava. Quando eu escrevi que "ninguém deve seguir ordens, não deve haver estrutura organizacional sólida" ainda não tinha a compreensão sobre o problema da autoridade e da tradição, do discurso da autonomia, da modernidade líquida e do pluralismo. Hoje compreendo o suficiente para criticar essa ideia. Cometi erros por não perceber as implicações do que eu estava defendendo. Não reproduzam esse erro, mas, aplicando a regra a si mesma, questionem também este texto.
ResponderExcluirAbraços