Sobre este espaço

"Existem maneiras de pensar, agir e viver que possam ser mais satisfatórias, emocionantes, e principalmente dignas, do que as formas como pensamos, agimos e vivemos atualmente?"


Um de nossos tantos desejos... Se algum material que colocamos aqui, de alguma forma, estimular você a pensar ou sentir algo, pedimos de coração para que você use estas ideias. Copie, mude, concorde, discorde. A intenção deste blog é incentivar o questionamento e a intervenção das pessoas na sociedade. Pegue os textos, tire xerox, CONVERSE mais, faça por você, faça por todos nós, faça por ninguém. E se quiser, entre em contato(conosco, c/ qualquer um, com o meio, c/ a natureza...) Coletiva e humilde-mente - vive em paz, revolte-se!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Outros ambientes



Aí está uma verdadeira experiência de alternativas de convívio, humano e ambiental. O vídeo fala coisas importantes para se repensar as nossas vidas. Com o avanço da modernidade vivemos profundas crises, por assim dizer, sócio-ambientais. Não só as relações com os seres vivos em geral é violenta, como também, e ligado a isto, as relações entre humanos estão evidentemente doentias. Bom, dizer isto é praticamente "chover no molhado", uma vez que, de diferentes formas e intensidade, nós que vivemos na civilização sentimos os sofrimentos resultantes do modo de vida do qual dependemos.  E é neste sentido, repensando as coisas das quais dependemos e que nos matam, como uma droga, que as alternativas podem florescer.
É claro que a questão (qual?) não se resume a existência de alternativas a serem escolhidas (http://www.youtube.com/watch?v=_HEEXVtkVNc), mas, podemos pensar antes o que nos faz querer ficar dependendo da sociedade industrial e seus vícios, e porque desejaríamos/deveríamos criar outras coisas. Pois percebemos, mesmo que com irresponsabilidade, que quanto mais avançamos no sagrado progresso, mais damos de cara com a miséria humana. Fica cada vez mais inegável que não estamos no caminho certo e, ao mesmo tempo continuamos...Então, hoje em dia, com todas as propostas de melhorar este modo de vida através de coisas como a tecnologia e a ciência, ou então a promoção de uma responsabilidade social, ou quaisquer outras ideias que estejam partindo do princípio de que devemos continuar este modo de vida, podemos colocar em questão a necessidade e possibilidade de tentar construir outra coisa, mais saudável e verdadeira, uma vez que este mundo nos condena a suas inevitáveis consequências perversas.
Um exemplo disto é o que vejo na faculdade em relação à questão ambiental. É que se discute como despertar uma consciência ecológica apostando em consumo consciente, tecnologias limpas e etc., negando-se a importância de se caminhar para outra direção.  Em uma discussão sobre, por exemplo, as mudanças que virão com o crescimento da cidade de Rio Grande (http://www.youtube.com/watch?v=s_QdZevU8S0), fala-se em 'alternativas' para lidar com seus problemas. Para o fluxo de automóveis, mais vias e talvez surjam ciclovias; Para o problema de cursos hídricos, parques serão instaurados; até hortas comunitárias são uma possibilidade; todas as formas de compensação ambiental; estações de energia eólica, etc. "Pois é, mas o que você quer? Que tudo fique como está? Não vê que estas coisas são exemplos de melhorias", é disto que estou falando. Agora, a possibilidade de "começar do zero" com outras formas de lidar com a vida, com o tempo, com o espaço, trabalho, alimento, pessoas e seres vivos em geral, não é considerada ou é condenada como utópica, pois não poderíamos viver sem essas coisas essenciais como carros, armas, drogas, cinema, computadores, etc.

Matheus

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Massa Crítica Cassino

Nesta sexta, 2/12, acontecerá mais uma massa crítica do cassino à Furg. O encontro será no Chapéu de Palha, ao lado da cancha de bocha na avenida rio grande, às 9:00h. Vamos celebrar mais uma pedalada neste trecho caótico e bonito que tem como cicatriz a rs-734, pois todos os dias, @s ciclistas são invisíveis e esquecid@s. MENOS CARRO, MAIS VIDA! O ESPAÇO EXISTE PARA TODOS SERES VIVOS!





domingo, 27 de novembro de 2011

Existe vida sem gaiola(?)!


Perceba-se...
Situar-se não significa apenas saber as horas, o nome da rua ou o dia do mês. No meio urbano vivemos(?) um cotidiano de ambientes desola-dores, onde quase não possuímos espaço! ...onde não exercemos, praticamente, nenhum tipo de contato com a Vida... com os seres e a natureza... ao redor... de onde estamos (?) essencialmente conhecendo-nos e reconhecendo-nos... relacionados de alguma maneira. Entretanto, com nosso comportamento, interrompemos constantemente suas transformações... desbravando... desmatando... matando, na maioria dos casos, em nome do tal ‘progresso’, orgulhosíssimo, que vacina os absurdos de nossa violência...  e inquestionável-mente... devasta(mos). Pode-se! ... Mas sim... perceber que o modo de vida ‘convencional’ que reproduzimos atualmente condena-nos a cada instante... com esta mesma violência imposta... que, no entanto, não é percebida. Durante nossa perigosa rotina, desconhecemos a Vida, ignoramos os ambientes... a nossa própria essência, a nossa própria história. O que viemos a compreender são apenas objetos (im)puramente materiais e... nocivos. ... No cenário artificial de nossas vidas... aprisionadas...
... de raízes cortadas...
... mas ainda vivas!


Rafael

sábado, 8 de outubro de 2011

Buquê de quê?(1)

“Violência é gratuita, de graça e costume...
Ao domesticá-la”.

Rafael

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Que memória?

   Abaixo seguem-se links sobre o monumento em homenagem ao Gal. Golbery do Couto e Silva, que será construído na Praça Tamandaré. É claro que se olharmos com atenção, praças, ruas e muitos outros monumentos recebem os nomes destes "grandes personagens históricos", fato que cumpre com o papel de dar legitimidade e identidade a um evento, a uma nação, etc. O mais importante, ao meu ver, não é se o monumento vai ou não ser erguido (sou contra, aliás, contra qualquer monumento em homenagem a alguém ilustre), mas antes, o que podemos e devemos repensar sobre o que está por traz destes vultos, como no caso do Golbery, homem de grande influência na implementação da ditadura militar e que, ao mesmo tempo, sob diferentes olhares, pode ser alvo tanto de repúdio como de orgulho. Assisti a um debate na Furg, na segunda-feira, dia 12/09/2011, sobre a campanha da legalidade, e surgiu este assunto do monumento. Achei bem pertinente e provocativa a fala de um dos que estavam na mesa, no caso, o coordenador do curso de história da Ufrgs, Enrique Serra Padrós. Dentre outras coisas, disse, pelo que me lembro, que com certeza o Golbery teve um papel no desenvolvimento da cidade de Rio Grande, mas que estes eventos fazem parte de um todo maior. Até brincou dizendo que achava que daqui a pouco teria de lembrar que Adolf Hitler combateu o desemprego na Alemanha.

   Ah, importante lembrar que a pedra fundamental já foi colocada no local. E já foi depredada, evidência de consciência crítica e de consequente revolta, com toda razão, pois, violência não se faz atacando coisas sem vida como estátuas, carros, lojas, violência se faz contra seres vivos, seres humanos, como por exemplo, todos os casos de tortura e assassinatos de pessoas na ditadura militar.

   Bom, aí estão os links, de um texto crítico sobre o monumento, de vários posts sobre o tema e de um abaixo assinado contra sua construção:

http://centrodeestudosambientais.wordpress.com/2011/09/07/sobre-o-monumento-ao-general-golbery-do-couto-e-silva/

http://memoriasdochico.wordpress.com/tag/golbery-do-couto-e-silva/page/3/

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N13643

Matheus

terça-feira, 30 de agosto de 2011

sábado, 13 de agosto de 2011

Aonde e quando estou na 'minha' ou na 'sua' vida?



Exata-mente porque vivemos como se fôssemos só isto que estamos sendo, estas coisas que fazemos, nos (mesmos)dias, e para os (mesmos)dias... eu te olho e só... eu te olho e ficas lá... eu te olhar é só... eu te olho e fico aqui, ao redor, da sua dor.
E se entrássemos mais um na vida do outro? E encontrássemos lá um alguém e um lugar nosso...
Aonde e quando estou na 'minha' ou na 'sua' vida?

Matheus

quarta-feira, 6 de julho de 2011

E como superá-los?



“Os objetos, hoje, tornaram-se mais complexos que os comportamentos do homem relativos a esses objetos. Os objetos são cada vez mais diferenciados. Nossos gestos o são cada vez menos.”

(BAUDRILLARD)


---------------------------------

Carlos Teixeira

Imagem encontrada em: Malvados

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Só-mente em mim...

Só-mente em mim...

Em tempos terminais...

Reproduzo os meus passos...

Rabiscados...

Sobre as linhas traçadas...

Que eu mesmo redigi...

Riscando sem arriscar...

Em sorrisos quadrados...

Esbarrados nos andares...

Daqueles que não sou...

...

Em “progresso”...

Subo o mais alto que posso, assim...

No certo decreto concreto modo...

Mas do topo, meu olho...

Ao olhar lá embaixo um olhar...

Vê meu retrato...

Num “outro”...

Que me olha lá do chão:

Um cão.

Livre da minha mão...

...

Só-mente em mim...

Caio aqui de cima...

Em cima de um fim...

Que não começa...

Sem mim...

Lá embaixo.

...

Espirrado no ar...

Sou sono sem sonho...

Cantado...

No canto calado...

Das grades que me definem...

Como um só...

Berro!!!

Mas digo mais...

Demais...

Para esse ar...

Que não me segura:

“—O que sou?!”

Se for o que há entre lá e cá...

Só faço parte de mim!

Só-mente em mim...

Cara a cara...

Pagando meu preço...

Inválido...

Sob o chão...

Sobre o chão...

Rafael

terça-feira, 21 de junho de 2011

Não aguento mais ser violento/ violentado!!!


Se a violência e a criminalidade são tão detestáveis, assim como a moralidade tenta nos passar, porque a cada dia mais e mais jovens aceitam se sujar de sangue por elas? Essa é uma pergunta complexa e estou longe de ter a competência necessária para respondê-la, mas são elementos tão inquietantes de meu tempo que não consigo seguir sem ao menos refletir um pouco.

A violência já é um problema generalizado de nossa sociedade e cultura. Não mais se apresenta apenas como uma anomalia incontrolável dentro da “ordem” social, hoje ela já foi assimilada pela sociedade como parte integrante dela. A violência é hoje um dos pilares de sustentação do entretenimento. A televisão nos bombardeia violência em tempo integral. Muito mais lutas são televisionadas hoje, além do fato desse ramo do entretenimento ser um dos mais lucrativos e promissores. Não só a violência explícita é usada para entreter, mas também a violência subjetiva. As corridas automobilísticas são um bom exemplo dessa violência subliminar usada para entreter. Nas corridas de automóveis, não se compete apenas com os outros corredores, mas também contra a possibilidade da morte, e isso é , ao meu ver, violência. Afinal, o clímax da corrida são os acidentes e/ou, na melhor das hipóteses, os momentos de risco de acidente iminente.

Nem mesmo as crianças estão a salvo do mercado da violência televisionada. Os desenhos animados, que sempre trabalharam com a banalização da violência e da dor, hoje estão mais violentos e realistas do que nunca. Os antigos desenhos animados usavam da violência como a base de seu “humor”. O humor usado por eles se baseava simplesmente em: a eterna luta entre os seres antagônicos; o gato contra o rato, o cão contra o gato; etc. As “piadas” eram unicamente golpes e ataques físicos um ao outro. Os personagens eram animais caricatos que não sofriam danos realistas aos golpes sofridos, isso amenizava a idéia de violência, mas, subliminarmente, acabavam por banalizá-la, fazendo se perder na confusão qualquer parâmetro para se julgar conseqüências dessa luta violenta – e tão divertida. Atualmente, esses personagens animalescos estão perdendo espaço para os personagens que retratam o homem. As animações japonesas, extremamente violentas e intensas, tentam aproximar sua estética à realidade. Seus personagens são heróis com poderes sobre-humanos que lutam pelo bem (na maior parte dos casos). Essa mudança aproximou o homem da violência subliminar dos desenhos animados. Agora, a criança não vê mais animais violentando seus diferentes (o que por si só já era perturbador), agora ela vê a si mesma, como defensora do bem, violentando seus iguais que representam o mal. Além disso, a violência começa a se aproximar do real, mas ao invés de causar a repulsa, causa o fetiche pela violência.

E essa realidade não se resume à criança, apenas começa com ela. Os jogos eletrônicos, vídeo-games, esportes de violência, esportes de grande competitividade ou de intenso contato físico, propagandas, filmes, pornografia, e muitas outras manifestações e práticas cotidianas em nossa cultura banalizam a violência e transformam-na num entretenimento facilmente consumível e digerível.

Nem é preciso pensar muito para perceber o quanto a violência faz parte de nossa cultura. Ela já alcançou seu lugar entre nós e não consigo enxergar nossas vidas, nos mesmos modelos atuais, sem um pouco da pretensamente inofensiva e onipresente violência, nos espreitando e nos atraindo. Já se tornou corriqueiro sentir o desejo pela violência. Tentamos nos divertir vendo vídeos na internet, e sempre acabamos dando gargalhadas de pessoas que se machucam ou que são machucadas – e isso é tão legal.
Mas não quero aqui fazer uma ode à violência. Pelo contrário, sabemos muito bem do que ela é capaz. Todos nós sabemos quando estamos agindo sob efeito dessa droga e, geralmente, podemos até mesmo apontar que tipo de “inofensiva” violência consumida nos motivou a agir violentamente. E ai está o perigo: sabemos disso tudo, mas... Mas sempre haverá algum argumento auto-legitimador para nos absolver. Sempre! Sempre?

Me pergunte se eu acredito que jogos eletrônicos violentos influenciaram pessoas como Eric Harris/ Dylan Klebold e Wellington a cometerem as atrocidades que cometeram, e minha resposta será sim. Mas não porque os jogos são violentos, mas sim porque os jogos são produto de uma cultura da violência Os jogos eletrônicos são só mais um produto de nosso culto a violência, assim como os esportes violentos, os desenhos violentos, os filmes violentos, as piadas, os costumes, entre outra essustadoramente grande parcela de nossa produção cultural. Um jogo por si não pode levar alguém, em condições de saúde psicológica razoáveis, a matar crianças dentro de uma sala de aula, mas todo o suporte para isso, a sociedade, a moral, o modo de vida, a cultura em sua totalidade, pode sim fazer isso, e pode também ser a influenciadora de tragédias muito piores, com conseqüências catastróficas. Todos os games violentos podem ser proibidos (o que seria uma atitude impensável) que ainda assim, continuará em atividade toda a estrutura da cultura da violência. Os games, e também as outras produções violentas com as quais convivemos e consumimos, não são a causa do problema, mas sim o efeito. Agir sobre o efeito é, no máximo, uma medida desesperada e ineficaz de amenizar as conseqüências mais urgentes. Já a causa sim, nela é que devem se concentrar os esforços, e a causa somos nós.

Mas, continuemos a consumir a violência. Em doses controladas. Mas que tenhamos em mente: a influência da violência do mundo lá fora em nosso modo de vida, isso não é algo que saibamos hoje controlar. Ainda estamos sujeito a violência que recebemos e que emanamos.

----------------------
Ass: Magro

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Nos carros, nós carros



Sinto que nos comportamos como carros, como se estivéssemos (não) interagindo em uma auto-estrada lotada de automóveis com vidro fumê, indo e vindo sem parar. Sim, nas relações entre pessoas. Nas conversas muitas vezes. Cada um de nós (pessoa-carro) está seguindo seu caminho, seu trajeto, sua vida e, nas vias, passamos uns pelos outros. Em uma via com fluxo constante de pessoas/máquinas, o que há entre estas pessoas/máquinas? Dois carros se cruzam, naquele tempo/espaço... qual a interação? Qual sentido?
Existem problemas que não consiguimos ver por estarmos em função das coisas que estamos acostumados a fazer...
Do ônibus olho pela janela sorrisos, parece que não penso... que não sinto nada... só um vazio... gostaria de poder ver a minha cara de tédio olhando os outdoors, as pessoas, as vidas que passam... sempre passam... por mim...

Matheus

terça-feira, 31 de maio de 2011

Sem rosto e sem mapa


O que é o presente?
Olho em volta e não consigo distinguir. Vejo um passado, vejo um futuro, mas não vejo o presente. O que me oferecem é uma idéia de futuro que nada mais é do que uma destruição do passado. Como se o passado e o futuro fossem eternos rivais em uma luta sem fim pela sobrevivência. Onde há passado, não pode haver futuro; onde há futuro, não pode haver passado.

Será que realmente estamos vivendo nesse tempo retilíneo e progressista, onde cada passo dado para frente apaga a pegada do último passo ultrapassado? Vejo o futuro na TV, e ele é sempre o novo, o incomum, o extraordinário o que “virá a ser”. Então abro um livro e vejo o passado, em páginas empoeiradas e desbotas, em uma linguagem incompreensível e ilustrado com as mais assustadoras imagens da selvageria e animalidade superadas. São essas as idéias de passado e futuro que minha cultura porcamente me oferece, mas ainda assim, não consigo enxergar o presente.

O que é o presente?
Ela é somente uma linha de fronteira entre o ontem e o amanhã? E se for, o que há dentro dela? O passado nos mostra o que já fizemos e pensamos; o futuro nos projeta o que iremos fazer e pensar. Mas e o presente? O que eu devo fazer e pensar hoje, agora, já?

Sinto-me no meio de uma batalha sem fim. Uma guerra invisível entre o passado e o futuro. Nessa guerra a única forma de avançar é destruir tudo o que já foi e construir cada vez mais e mais do que seja novo. Olho em volta e o que fazemos para seguir em frente é criar, construir, acumular todas essas criações, mas sempre com a idéia em mente de que amanhã, algo novo tem que ser construído, e para isso, tudo o que foi acumulado tem que ser eliminado.

É essa a guerra de nosso tempo? É nessa zona de transição conflituosa em que vivemos o presente? Será que o único trajeto a ser percorrido é o da linha reta em direção ao futuro inexistente e inovador? Não temos nada mais a aprender com as pegadas que insistentemente tentamos apagar? Seriam elas apenas referenciais do que devemos destruir, para assim construir, ou elas têm algo a dizer sobre o que a linha do presente significa?

Estou confuso. Oferecem-me explicações vagas do que fomos e do que seremos, de onde viemos e para onde iremos, mas continuo sem saber quem sou e sem nenhum mapa para me guiar.

---------------------------

Ass: Carlos Teixeira - Magro

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Floresomos...

... Florindo numa perspectiva de integralidade, germina-se uma reflexão alternativa para que pensemos a harmonia, em vida, como uma conexão entre os seres...
Pois nos encontramos amarrados, no desencontro...


Naturais, passeamos pela existência que cria a vida crua, dos seres nus, sem ruas. E por fora da “ponte do racional”, que a tudo ignora, flutuemos pelo que se faz, em paz... A veia é florida; a via, temida... e que tememos, naturalmente. Corremos pela veia, e não pela via. ... Como animais, contemplemos inteirados, nadando no todo ar, esse horizonte que (nos) eterniza, unindo, no brilho dos olhares, a vida. “—Bastar-me-ia viver assim, olhando, contemplando contigo, alada vida”... Naquilo que não precisamos explicar, apenas ser e sentir. Viajando por essa imensidão, voamos num instante à fluidez das harmonias: vislumbramos deslumbrados que, saindo de nossas cabeças muradas, deslizamos por uma pureza delicada, leve e colorida, tornando-nos integrados, num infinito laço de vida sem nó, e conosco, fora desses maquiados rostos que somos que somam menos vida...


E nesses sonhos...

Acordamos ou dormimos... se adormecidos, voamos acordados?

Desperto mais uma vez, somente em mim, trancado...

...

Rafael

segunda-feira, 23 de maio de 2011

PROGRESSO ?!(!)

 “A cidade está crescendo!” É o que ouvimos.
Vemos construções e esperança prometida em placas pela cidade, são apresentadas “maravilhas” do “progresso”, como shoppings, supermercados, estradas e por aí vão as construções.
Ao mesmo tempo pessoas e os outros seres que vivem em grandes centros urbanos estão inseridos em um cotidiano (de)pressão, violência, injustiça, descaso com a vida devido a preocupação de qualquer empresa em só obter lucro, provido da apropriação da vida na terra.
Nossa vida não melhorará em nada com a chegada de shoppings e outros atrativos que prometem felicidade, como um oceanário, que demonstra a neurose cruel que vivemos, pra mim um lugar onde seres são impossibilitados de se locomoverem como-onde querem, e de fazer o que       
querem-precisam, enfim, de viver de maneira livre e não trancados por seres humanos doentios, é extremamente triste e revoltante.       
Creio que a vida melhora se é baseada em respeito, com solidariedade, praticas saudáveis de vivência, amizade, carinho... não estou propondo um método para vida feliz (podemos pensar sobre isso), mas que refletimos sobre a maneira que (vi)vemos-sentimos a vida no mundo que habitamos.
Enquanto isso, pessoas que vivem uma paranóia de obter bens materiais e um estilo de vida padronizado por uma cultura que se nutre explorando e desnaturalizando a vida e as maneiras que a
sentimos-explicamos, parece sádico, mas essas criaturas se satisfazem com o dito (por elas mesmas)
crescimento das cidades, com o aumento da pobreza gerada em volta das suas construções estúpidas,com o aumento da tristeza de pessoas $em condições de consumir todas as futilidades ditas necessárias pelos próprios que querem que consumas, suas propagandas depreciativas, que tratam a vida como um produto.
Querem que achemos necessário, por exemplo, automóveis carregados de dor e sangue de inocentes pelas estradas (são necessários só para manter esse modo de vida).
Enfim, não precisamos de shoppings ou estradas, precisamos de espaço e tempo para viver, precisamos de coragem para negar esses absurdos cometidos contra a natureza (isso nos inclui), e mais ainda rever e confiar na nossa capacidade de criar juntxs uma maneira nova de viver, de se relacionar com o lugar e com os seres que convivemos.

-----------------------

Ass: Let's Go

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Por outras interações...

Em meio a toda força que nos leva a não entrar em contato com quem (e o que, talvez) está a nossa volta, passando uns pelos outros de cabeça baixa ou nariz empinado; em meio à correria cotidiana de ir para onde queremos ir e/ou onde somos obrigados a ir (talvez sejam dois lados da mesma moeda); em meio ao tráfego insano de almas pretensamente isoladas, mas profundamente interligadas; em meio ao mosaico de conversas e discussões feitas ao mesmo tempo em lugares diferentes ou em um só lugar; em meio ao dia-a-dia tedioso e revoltante com que nos deparamos... Enfim, em meio a loucura dos dias, acontecem, de vez em quando (ou sempre, se mudarmos o olhar, se olharmos o mudar) situações intrigantes. E instigantes. Seja numa conversa sincera com um amigo, ou num simples olhar, num gesto. Você certamente já deve ter olhado um desconhecido nos olhos e ter sido também mirado no profundo olhar por quem passava ali, enquanto andavam pelas ruas lotadas de gentes indo pra onde quer que estivessem indo. Enquanto, em frações de segundos, não fizeram o habitual desvio do olhar, sentiram algo “estranho”. Podemos sentir (?)!


Porque não fixar um pouco o olhar nas diversas situações, ao invés de viver olhando para as cores publicitárias que são muitas e que nos atordoam os sentidos? Onde está a comunicação se somos tão mediados pelos chamados meios de comunicação(talvez alguns tão imperceptíveis num primeiro momento)? Ou então, por que ficar onde se está? Vivendo (?) todas as situações com uma pré-determinada visão, classificando as pessoas, as situações automática-mente em “isso” ou “aquilo” e pronto.

Esta troca de que falo... é como se pudéssemos nos ver, no outro. Como se as pessoas pudessem sentir ao mesmo tempo, o mesmo sentimento, ligando-se uma na outra. E para além do “mais do mesmo”, pode(ría)mos transformar estas situações, de modo que fizéssemos uma interação nova onde pudéssemos mudar o mundo (por que não? Aonde está o mundo?)... e não mais cumprir os papéis, nem encenar,nem reproduzir, ao menos não a todo o momento...

Uma situação onde ficamos tomados por uma euforia, alegria, ou até angústia, levando em conta que nossas relações hoje são, na sua esmagadora maioria, frias relações econômicas e/ou de poder (EU/vocêNÓS/eles). No mais “micro” do dia-a-dia o progresso da angústia é alimentado, seria difícil pensar como não poderia ser(?)!

Sem papéis a cumprir e nem palavras arrogantes que atrapalhem, sentimos/(vi)vemos o inclassificável. Sentimentos/pensamentos diversos são e podem ser compartilhados de maneira a nos transformar (e nós transformarmos) capazes de caminhar outros caminhos, apesar do eficiente esforço destes dias, que, ao invés de compartilhar tudo, buscam dividir (separar) tudo. Assim, desse jeito em que estamos (somos?), dentro das liberdades/certezas/fortes fraquezas (grades) de cada um (e dentro de uma prisão maior talvez), sem outros tipos de interação, continuamos marchando, colocando tijolo sobre tijolo nos muros que não devem parar... Assim como estamos, presos em nossas liberdades?


Ass: Eu, quem quer que seja isso

terça-feira, 26 de abril de 2011

é a vida(?)!

... Tamanha relação com o mundo, em mãos. Não em contato, em poder. Diante da honra que manipula, são as mesmas mãos que extraem e fazem doer, que impedem aquilo que se transforma, em sua livre e renovadora integridade; corta-se pela raiz — mas não o mal — o ininterrupto processo, que crescendo, muda, onde se nasce, onde se morre e renasce... Mas não se mata.


Pelas flores...

Murchas de dó...

E cais como pétala...

Virando semente.

Sabendo que por nós, as flores...

A chuva deverá sempre molhar.

Como a lágrima que sacia...

O sentido.



E como num rio que passa e repassa como um novo...

Tudo continua contínuo, permanecendo em contato,

Em harmonia...

Em tudo aquilo que se renova...

E transforma-nos...

Livres.

--------

Rafael

terça-feira, 12 de abril de 2011

Nossos problemas...

Quem, se não a nossa própria sociedade, nossa própria cultura, pode ser considerado produtor de acontecimentos horríveis como o que ocorreu em Realengo?
Reflitiremos de verdade com estes acontecimentos (diários) que escancaram a falta de sentido de nosso modo de vida? 
Para quem se apontar o dedo, se somos frutos e sujeitos de nosso tempo?
Quem vai ser punido? Quem será punido por um suicídio?
Não somos todos um bando de culpados que devem se desesperar, mas não estamos isentos de responsabilidade. Estamos aqui e agora, estamos envolvidos. Nossas lágrimas saciarão nossa "sede" por sofrimento?
Refletir e transformar nossa cultura não é nada fácil, mas talvez seja indispensável e possível.



Ass: Matheus

sábado, 19 de março de 2011

LETRA DE MÚSICA - "RESPIRANDO" DA NAÇÃO ZUMBI

Preste atenção em como anda o mundo
Depois que tudo se vendeu
Notícias de dias tão pertos e até o que nem aconteceu
Alimentando todos os sonhos com o nada que ninguém lhe deu
Onde começa o infinito ou se termina com o que já venceu


O mundo respira por um triz
Ainda bem
Um pouco dos restos de ontem
É o que se tem


Poque não querer sair do mesmo
Ver o retrato todo em outra cor
Uma cor por vez pra ver direito
É sempre tudo com o mesmo som
Consertando assim que eu conheço
E se mudar entenda o outro tom
Atè aonde a vista alcança ou
Deixando o que se tem do bom


O mundo respira por um triz
Ainda bem
Um pouco dos restos de ontem
É o que se tem


terça-feira, 1 de março de 2011

A pressa não é inimiga da perfeição. É inimiga da vida.

Há um tempo atrás fizemos um protesto na avenida do Cassino. Éramos 14 pessoas de bicicleta, trancando o trânsito. Queríamos mostrar nossa indignação por não termos nossos direitos como ciclistas, por termos que encarar uma estrada sem acostamento, com milhares de automóveis agindo como se fossem máquinas de guerra.
  Claro que ouvimos muitas buzinas e xingamentos. Mas o que me chamou atenção, foi o que um cara que esperava o ônibus falou : "Que horas eu vou chegar em casa?". Creio que é o que toda pessoa dentro de um automóvel pensa enquanto dirige: na pressa de chegar.
  Quando estou pedalando, não tenho pressa de chegar em casa. Porque o que quero é chegar em casa. Morro de medo cada vez que pego a estrada e vejo aquele monte de carros, uns ultrapassando os outros, querendo correr mais - e mostrar que seu carro corre mais -.  Fico espremida em um canto, tentando pedalar em cima de uma faixa branca - porque depois dela ao invés de acostamento, há pedras, buracos e restos de carros - que mais parece uma corda bamba. E tudo isso para não ser arremessada com minha bicicleta. Enquanto quem está dentro do carro, acha que está em uma corrida: tem que passar por cima de outros carros, de outras vidas, para chegar mais rápido. Sem ao menos pensar que outros, ou ele mesmo, possam nem chegar.

         Ass: Livia
   

Relações humanas...

O que você faz? Nomes, rótulos, credenciais... não te toco, não me tocas. Olho no olho, calculando. Sentindo(?)! Identificando vantagens, valores automática-mente. Estou interessado, pois posso pegar pra mim...pra mim.
Sua importância é proporcional ao seu desempenho em cumprir. Cumprir com um papel nessa história sem sentido e mal contada. O véu, mel e fel se confundem, e nos confundem na repetição da rotina do sofrimento e constrangimento de 'ter que ser alguém' assim e aqui.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

AINDA QUE SEGURE O VOLANTE, É SEU CARRO QUEM CONDUZ SUA VIDA PELAS RUAS DA CONTRADIÇÃO.




As ruas são de todos. De todos que têm coragem suficiente para enfrentá-las. Em meio urbano, existem poucos ambientes mais hostís para o homem do que as avenidas, estradas e ruas que rasgam nossas paisagens. Em nosso modo de vida, a forma mais fácil de sofrer um acidente fatal é sendo atropelado por um automóvel. Isso é assustador, e mais ainda quando lembramos que atravessamos uma a cada 50 passos que damos em nossas cidades.


Se as ruas são de todos os homens, então deveriam ser adequadas às necessidades do homem. Mas como a rua pode ser algo adequado às necessidades humanas se a cada momento que estamos nela, corremos sério risco de vida?

Isso acontece porque, na verdade, as ruas não foram feitas para o homem, mas sim para os automóveis. Elas foram projetadas visando o bom funcionamento do tráfego de veículos, mas nunca o bem estar das vidas que a utilizam, e muito menos às vidas em seu entorno. A rua é de todos e para todos; de todos os carros e para todos os carros.

As ruas são territórios roubados. São espaços que foram tomados do homem e transformados para se adaptarem às necessidades das máquinas. O homem não se preocupa hoje em fazer com que seu transporte se adapte às características do terreno, mas sim, preocupa-se em adaptar o terreno ao transporte que lhe agrada usar. Derruba os montes, aplaina as dunas, derruba as matas, aterra os banhados e extermina os animais. Homens e animais sofrem. Tudo para construir uma cicatriz de concreto na pele do mundo. Onde irão trafegar máquinas de metal supervelozes que, ao menor descuido (e nós humanos somos ótimos em cometer descuidos) podem matar pessoas. E por mais que você já não se preocupe mais tanto, a fumaça dos carros ainda polui nosso ar, e sempre irá poluir. Esse preço é caro demais a pagar pelo nosso desejo de chegar mais rápido.

Não quero dizer que devemos destruir as estradas, queimar os carros ou vivermos presos em nossa casa (a não ser que isso seja de sua preferencia). Só desejo relembrar que, apesar de necessário no estágio em que nossa sociedade se encontra, o transporte por automóveis parte de premissas e conceitos nocivos a nossa humanidade. Se trata de remodelar o ambiente para que ele se adapte aos nossos fetiches sociais. É um exemplo de nossa desconexão com a natureza. Somos os únicos animais que não tentam se adaptar ao ambiente, mas sim, que adapta o ambiente aos seus desejos. As consequências disso não são novidade: morte de pedestres, destruição de espaços naturais para construção de ruas, poluição do ar, poluição sonora e visual, estresse, impaciência, perda da noção de perigo, necessidade de consumo de automóveis caros, crescimento das grandes empresas automotivas multinacionais, e muitas outras que você pode perceber olhando para as ruas com um olhar mais crítico.

Ainda assim, dependemos dos automóveis, assim como dependemos de armas e drogas. O que nos resta é repensar até que ponto o risco vale a pena. Desenvolver uma capacidade de discernimento quanto aos malefícios que nossos costumes podem gerar é um começo. Num segundo passo, podemos pensar novas formas de nos locomover dentro da cidade, e até para fora dela. Devemos pensar no que não está mais funcionando e propor algo novo, que não seja apenas mais do mesmo ou o mesmo disfarçado.


----------------------

Ass: MagrO

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

VIREMOS NADA, SOMOS TUDO...

“... Muros e bandeiras nas fronteiras do tudo... Ou do nada?”


São os nomes, considerando seus acarretados atributos, devidamente separados e distribuídos. O nome (no exercício de classificar e dividir) remete diretamente ao domínio. A domesticação é um exemplo prático, pois tal interação se dá através de um contato basicamente hierárquico, por assim dizer. Uma interação entre um dono e um dominado, logo servo. É claro, o homem moderno é gloriosamente soberano, ostentado sob os tijolos de sua tecnologia "sobrenatural" ou das coisas ditas “humanas.” As definições são celas, registradas na teia da escravidão. Assim como em línguas e bandeiras, as distâncias são decretadas, estipulando limites. Solitários animais, amarrados a seus respectivos grupos e cargos, em frágeis compatibilidades, obsessivas competições e assassinos interesses possessivos, associados comercial e condicionalmente.

A exposição ao tudo, seja no vento, no mar ou na liberdade mental, é a chave da independência, e independentemente da palavra, resgatará relações afetivas e naturais da obsessiva gaiola do ego...

Rafael

domingo, 30 de janeiro de 2011

Sou um qualquer. Sou alguém

Comum adj. 2g. 1. De todos ou muitos; geral. 2. Habitual; usual; costumeiro. 3. Vulgar; banal; ordinário. 4. Feito em sociedade ou comunidade.

O que se pode refletir sobre a expressão “pessoa comum”?

Se nos considerarmos pessoas comuns, estamos em quais “setores” da sociedade?

O que pode(ria)mos ser/fazer, sendo pessoas quaisquer, sendo um Zé ninguém?

Talvez eu possa contribuir para se pensar sobre isto, uma vez que me considero um “qualquer”. Num primeiro momento, me vem à cabeça que o comum é oposto do famoso, do especial, do extraordinário, do destacado, etc. Celebridades, artistas, “intelectuais”, cientistas, médicos, políticos, grandes líderes e afins, de acordo com minha formação como pessoa, não são comuns, não são os “qualquer um”. Os comuns seriam os desconhecidos, os que não figuram nos jornais, na televisão, nas revistas entre outros meios de comunicação massivos (e maçantes). Dependendo, podem ser às vezes, as maiorias ou as minorias. São os desempregados e empregados que ganham pouco, se comparados com aqueles que citei acima. São aqueles que podem ser mais um número na associação a um partido, mais um número nos insatisfeitos (acho que quase todos), e mais um número nas filas de lojas e hospitais, e mais um nas estatísticas, sejam elas de mortos ou de vivos que não vivem. Podem ser sonhadores e lutadores que carregam a marca da angústia. Podem ser padeiros, mecânicos, professores, estudantes, mendigos etc. e até os artistas que citei antes, dependendo da sua visibilidade. É como se o que determinasse o quanto “comum” e o quanto “extraordinário” você é, fosse seu currículo, prestígio e dinheiro, não necessariamente nessa ordem. É claro que todos são muito mais do que "isto" ou "aquilo" que eu possa dizer aqui, ninguém (nenhum ser vivo) deveria ser reduzido a um nome, rotulo, papel, utilidade.

Talvez o “qualquer” não seja só visto como o oposto do famoso, do extraordinário, mas em certos momentos, o oposto do importante. Um pouco neste sentido, pode se encaixar, por exemplo, a grande valorização que fazemos sobre cursar um curso na universidade. É fácil de perceber que o ensino FUNDAMENTAL recebe menos prestígio que o SUPERIOR. Não sei se fui claro. É engraçado (talvez não) pensar que o que se chama de superior chame mais atenção das pessoas do que o que é tido como fundamental. Mesmo sendo o ensino fundamental considerado teoricamente o mais importante, não é tão “legal”, e nem tão importante em certos momentos (ou a toda hora) quanto o superior. Em pequenas situações do dia-a-dia isto pode ser percebido. Uma experiência minha estes tempos deixa isto bem claro. Foi assim:

Eu e um amigo estávamos participando de um passeio ciclístico, e resolvemos entregar uns panfletos com o objetivo de incitar a reflexão coletiva e informal. Entregamos para algumas pessoas e, ao entregar para uma destas, fomos perguntados: “Mas de onde vocês são?”. Então respondemos o nome do nosso bairro, e ela (a pessoa) continuou: “O que vocês fazem?”. E nós: “Como assim?” e ela explicou: “Tá, mas qual curso vocês fazem?”. Eu e meu amigo ficamos quase que rindo da situação, pois não sabíamos o que responder.

Entendo que nesta ocasião esteja evidenciado o prestígio que se dá às pessoas que tenham algum diploma. Isto é visível. Mas o intrigante é pensar que em uma conversa informal na rua, as pessoas (comuns) necessitem de distintivos, currículos, entre outros pré-requisitos, para se relacionarem. Uma conversa não (?) é uma entrevista de emprego, ou de associação para um grupo!!! Uma possível explicação para esta forma de ver as coisas está na idéia de que um estudante de um curso de nível superior está se encaminhando para ser alguém mais importante socialmente, do que era antes de cursar a faculdade. Está tentando “ser alguém na vida”.

Somos forçados a querer “ser alguém”. Ser uma pessoa com força de vontade e que vive a vida. O ruim é ser um ninguém. Somos convencidos de que nós, os ninguéns, não podemos ser decisivos na construção da vida em sociedade. Isto se deve em parte, a ideia de que simplesmente não somos capazes. Os que são capazes são os grandes, os ilustres, os celebres. Então, estando condenados à submissão, absorvemos o pensamento de nos conformarmos, ao mesmo tempo em que reclamamos, vivendo de acordo com o modo de vida que nos dá insatisfação. Compensados pelos momentos de “prazer” que são determinados como os únicos pra nós, geralmente os que nos deixam em posição de mandar, ter, ou saber, mais que as pessoas a nossa volta.

Só consigo ver este pensamento assim: “Ser alguém na vida” é ter estabilidade financeira. É destacar-se. É, quem sabe, assumir cargos mais elevados. É dar o seu melhor, para ser melhor, que os outros, é claro. É ser influente. Como nos outdoors, que dizem quais sonhos devemos ter. É ter uma vida honesta, sempre competindo deslealmente. É dar discursos. Dentro de uma imensa massa de trabalhadores, consumidores, espectadores, desejar SEMPRE cada vez mais progredir. Tentar conseguir um trabalho melhor (um salário melhor). Tentar poder comprar mais coisas melhores (mais caras). Tentar “estar por dentro” dos meios que determinam sua vida. Sentados perto ou longe dos atores, aplaudindo ou vaiando, somos meros espectadores.

Mas, é preciso lembrar que as coisas não SÃO assim. As coisas ESTÃO assim. Isso muda tudo. É preciso tentar descobrir de onde vem esta visão a qual somos condenados. Somos pessoas que PODEM aprender umas com as outras e por si próprias. O potencial de transformação que uma conversa animada entre amigos pode ter é gigantesco. Ninguém pode controlar as idéias livres. A pessoa comum é a mais forte, na medida em que a sua vida é como se fosse a de qualquer outra, o que capacita qualquer pessoa de fazer qualquer coisa que viu, e recriá-la. Pessoas que se conhecem podem criar uma infinidade de possibilidades de atividade para suas vidas e, conseqüentemente, influenciar outras, ao mesmo tempo em que sofrem influência. A pichação de um muro; uma conversa reflexiva; um olhar atento e humilde sobre onde estamos e o que estamos fazendo (e queremos fazer) aqui; a espontaneidade e a organização; o perguntar, duvidar; o ENCONTRO entre seres humanos condenados pelo meio em que nasceram e a sua conseqüente indignAção, são formas de mudar as coisas, mudanças que não podem e nem poderiam ser impedidas ou medidas. Zé ninguém=Alguém na vida
 
Matheus

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Internacional Consumista



Tomara que o questionamento do consumismo não caia na esperança passiva de acreditar em um "consumo consciente", discurso oficial da sociedade de consumo, afinal, está na moda respeitar o meio ambiente.
Podemos ouvir se prestarmos atenção no que está sendo dito na tv:
"Proteja o meio ambiente, compre!"



Veja como respeitamos o meio ambiente. Nenhum outro ser vivo pode fazer esta façanha de agarrar o planeta nas mãos, somente os governantes da Terra, o Deus Homem...que sabedoria... 


Ass: Matheus

domingo, 2 de janeiro de 2011

Veias em vias

  "E a santa Sociedade ainda é a mesma, fabricada por escravos destinados às maneiras mais cruéis de assassinato, embalados em bandeiras nacionais, sorrindo... transpiram exploração em massa..."


sábado, 1 de janeiro de 2011

CITAÇÃO: Em que sentido o homem possui um poder crescente sobre a Natureza? (C. S. Lewis)

Vou postar aqui um pequeno trecho de A Abolição do Homem, um livro de C. S. Lewis, escritor irlandês que além de escrever obras acadêmicas também é o autor da ficção As Crônicas de Nárnia. Esse trecho é interessante para se pensar até onde pode ir o argumento dos benefícios gerados pelo homem ter "vencido" a Natureza.


----------------------------------

"Em que sentido o Homem possui um poder crescente sobre a Natureza?

Consideremos três exemplos típicos: o avião, o rádio e os anticoncepcionais. Numa comunidade civilizada, em tempos pacíficos, qualquer um que tenha dinheiro pode fazer uso dessas três coisas. Mas não se pode dizer estritamente que quem o faz está exercendo seu poder pessoal ou individual sobre a Natureza. Se eu pago para que alguém me leve a algum lugar, não se pode dizer que eu seja um homem que dispõe de poder. Todas e cada uma das três coisas que mencionei podem ser negadas a alguns homens por outros homens — por aqueles que vendem, ou por aqueles que permitem que sejam vendidas, ou por aqueles que possuem os meios de produzi-Ias, ou por aqueles que as produzem. Aquilo que chamamos de poder do Homem é, na realidade, um poder que alguns homens possuem, e que por sua vez podem ou não delegar ao resto dos homens. Novamente, no que se refere ao poder do avião ou do rádio, o Homem é tanto o paciente ou o objeto como o possuidor de tal poder, uma vez que ele é o alvo tanto das bombas quanto da propaganda. E, quanto aos anticoncepcionais, existe paradoxalmente um sentido negativo no qual todas as possíveis gerações futuras são os pacientes ou objetos de um poder exercido por aqueles que já vivem. Pela contracepção enquanto tal, simplesmente lhes é negada a existência; pela contracepção usada como meio de reprodução seletiva, são obrigados a ser, sem que ninguém os consulte, o que uma geração, por suas próprias razões, vier a escolher. Sob esse ponto de vista, o que chamamos de poder do Homem sobre a Natureza se revela como um poder exercido por alguns homens sobre outros, com a Natureza como instrumento."


(C. S. Lewis. A Abolição do Homem. página 24)

-----------------------------------------------

Livro completo em .PDF: A Abolição do Homem
Livro encontrado em: Grupo de Discussões - Civilização


Ass: MagrO